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TARIFAS

Trump e União Europeia discutem tarifas em encontro decisivo na Escócia

Reunião com Ursula von der Leyen busca evitar taxação de 30% sobre produtos europeus a partir de 1º de agosto

27 julho 2025 - 10h00AP
Trump tem jogado em campos de golfe de sua família no Reino Unido, onde agendou encontros com líderes europeus
Trump tem jogado em campos de golfe de sua família no Reino Unido, onde agendou encontros com líderes europeus - (Foto: ANDY BUCHANAN)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu neste domingo (27) com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um encontro reservado na Escócia para tratar das relações comerciais entre os EUA e o bloco europeu. A conversa ocorre às vésperas do prazo final imposto por Washington para a aplicação de tarifas de 30% sobre produtos vindos da União Europeia, previsto para entrar em vigor na próxima sexta-feira, 1º de agosto.

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A reunião aconteceu durante a passagem de Trump pelo Reino Unido, onde cumpre uma agenda de cinco dias com pausas para compromissos pessoais e políticos. No sábado (26), o presidente jogou golfe em seu campo em Turnberry, na costa sudoeste da Escócia, e deve repetir a atividade nos próximos dias, incluindo uma visita a Aberdeen, onde sua família inaugura um novo campo de golfe no próximo mês.

Poucos detalhes sobre o conteúdo da conversa com von der Leyen foram divulgados. A presidente da Comissão Europeia se manifestou nas redes sociais após uma ligação anterior com Trump, destacando que ambos concordaram em se encontrar para discutir as "relações comerciais transatlânticas, e como mantê-las fortes".

Tarifas devem impactar UE e Brasil - Além da Europa, os efeitos das novas medidas comerciais anunciadas por Trump atingem também o Brasil. A partir do mesmo dia 1º de agosto, passam a valer as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, com destaque para itens como aeronaves, café e suco de laranja. O impacto previsto é significativo: estima-se uma retração de 2,7% no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo, com risco de eliminação de até 120 mil empregos.

Trump tem usado a ameaça de novas tarifas como principal instrumento de negociação para revisar acordos comerciais com aliados históricos dos Estados Unidos. Recentemente, chegou a afirmar que via apenas “50% de chance, talvez menos” de firmar um acordo com a União Europeia. Apesar disso, casos como o recente entendimento firmado com o Japão demonstram que os anúncios duros nem sempre se concretizam como prometido.

UE prepara retaliação caso tarifas entrem em vigor - A União Europeia, por sua vez, já sinalizou que está pronta para reagir. Em caso de imposição das tarifas americanas, Bruxelas pretende retaliar com a aplicação de taxas sobre centenas de produtos norte-americanos, incluindo carne bovina, cerveja, peças automotivas e até aeronaves da Boeing. A medida teria impacto direto no comércio bilateral e poderia aquecer uma nova disputa tarifária em meio ao cenário econômico global ainda em recuperação.

Especialistas alertam que, se Trump realmente der continuidade à medida, os consumidores americanos devem sentir os efeitos no bolso. Produtos como queijos franceses, calçados italianos, eletrônicos alemães e medicamentos espanhóis podem ficar consideravelmente mais caros nas prateleiras dos Estados Unidos.

Trump também discute comércio com Reino Unido - A visita de Trump ao Reino Unido inclui ainda um encontro com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, nesta segunda-feira (28). Os dois líderes já anunciaram, no mês passado durante o G7 no Canadá, um acordo comercial entre os dois países. Trump disse que o acordo está concluído, mas a Casa Branca afirmou que ainda há ajustes a serem feitos antes da assinatura definitiva.

Mesmo com a possibilidade de avanço nas negociações com o Reino Unido, o impasse com a União Europeia pode representar um novo capítulo na estratégia econômica adotada por Trump, que busca equilibrar a balança comercial americana à força de tarifas.

Com as ameaças em curso, o desfecho das negociações com von der Leyen será determinante não apenas para o comércio entre Estados Unidos e Europa, mas também para o impacto nas cadeias produtivas globais — incluindo o Brasil, que já sente os primeiros reflexos das novas diretrizes adotadas por Washington.

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