
Nesta sexta-feira (15), os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin, se encontrarão no Alasca, após seis anos sem um encontro direto entre os dois. Além disso, esta será a primeira visita de Putin aos EUA em uma década. O principal tema da reunião será a guerra na Ucrânia, que atravessa seu quarto ano e está em um ponto de estagnação no campo de batalha. No entanto, o governo ucraniano não participará das negociações.

Analistas internacionais apontam que, embora um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia seja improvável, um cessar-fogo temporário seja uma possibilidade. "O grande desafio com Trump é a imprevisibilidade de suas ações", comentou Stefan Wolff, especialista em segurança internacional. Segundo Wolff, Trump pode até buscar um reinício das relações com a Rússia, mas os resultados são incertos, podendo não gerar avanços concretos.
A administração americana, por sua vez, revelou que a principal intenção desse encontro é ouvir Putin e entender suas posições. A Ucrânia, então, ficará de fora das conversações, algo que muitos analistas veem como uma oportunidade para Putin consolidar sua imagem após ser considerado um pária internacional por sua invasão da Ucrânia em 2022.
Carlos Gustavo Poggio, internacionalista, afirma que o encontro pode ter mais de "teatro político" do que de substância real, especialmente em relação à Ucrânia, onde os interesses de Putin e Zelenski são incompatíveis. "Putin entende sua influência sobre Trump e pode usar essa reunião para reforçar sua narrativa", opinou Poggio.
O Kremlin já indicou que outros tópicos, como laços econômicos e questões relacionadas a armas nucleares, também estarão na agenda. Putin, por sua parte, expressou a intenção de interromper os combates e alcançar acordos que beneficiem todas as partes envolvidas no conflito.
Enquanto isso, na quarta-feira (13), o presidente ucraniano Volodmir Zelenski buscou apoio entre líderes europeus, temendo que o encontro se transforme em uma nova divisão territorial, como aconteceu na Conferência de Yalta, após a Segunda Guerra Mundial. A Ucrânia não aceita ceder território, especialmente a Crimeia, que está sob controle russo desde 2014.
O governo ucraniano e os aliados ocidentais temem que os dois líderes, Trump e Putin, possam negociar sem considerar os interesses ucranianos. O analista ucraniano Oleksandr Slivchuk ressalta que, para a Ucrânia, qualquer concessão territorial é inaceitável, pois isso significaria abrir mão de direitos que nunca foram reconhecidos pelo adversário.
Com esse cenário, a reunião entre Trump e Putin no Alasca pode não apenas influenciar o futuro da guerra na Ucrânia, mas também redefinir as relações internacionais e a postura dos EUA em relação à Rússia nos próximos anos.
