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Na noite da última sexta-feira (24), Donald Trump realizou um movimento que surpreendeu até os mais céticos em Washington: a demissão simultânea de 12 inspetores-gerais independentes, responsáveis por fiscalizar as maiores agências federais do governo americano. A decisão, anunciada via e-mail, deixou funcionários “absolutamente chocados”, nas palavras de um executivo sênior de uma dessas repartições, que pediu para não ser identificado.
Os inspetores-gerais afetados eram vinculados a órgãos cruciais, como os departamentos de Defesa, Estado, Transporte, Energia e Assuntos de Veteranos. Responsáveis por investigar fraudes, desperdícios e abusos, esses fiscais são tradicionalmente vistos como pilares do sistema de fiscalização do governo. Agora, sua independência parece estar em xeque.
“É um massacre generalizado”, disse um dos demitidos. “Quem quer que Trump coloque agora será visto como leal, e isso enfraquece todo o sistema.”
Um ataque ao sistema? Pela legislação americana, o presidente tem autoridade para remover inspetores-gerais, mas é obrigado a notificar o Congresso com 30 dias de antecedência. No entanto, nenhum aviso prévio foi feito, o que pode configurar uma violação da lei federal.
Entre os demitidos, alguns haviam sido indicados pelo próprio Trump em seu primeiro mandato, o que aumenta a perplexidade diante do episódio. Em 2020, o então presidente já havia causado polêmica ao demitir cinco inspetores-gerais em um período de menos de dois meses, incluindo o do Departamento de Estado, que investigava supostas irregularidades do então Secretário de Estado, Mike Pompeo.
A remoção em massa reavivou as críticas de que Trump estaria agindo para enfraquecer a fiscalização e abrir espaço para nomeações de aliados em funções-chave. “A nova administração não quer ninguém nessa função que seja independente”, afirmou outro inspetor-geral demitido.
Um sistema de vigilância abalado - Os inspetores-gerais têm uma longa tradição de atuação apartidária nos Estados Unidos, sendo nomeados para mandatos indeterminados. Mesmo quando ocorrem mudanças na presidência, é comum que eles permaneçam em seus cargos, preservando a continuidade das investigações.
Antes das demissões, o governo federal contava com 74 inspetores-gerais, muitos deles liderando equipes de milhares de funcionários. Eles não apenas monitoram possíveis irregularidades, mas também desempenham um papel preventivo, garantindo que recursos públicos sejam utilizados de maneira eficiente.
“Isso é totalmente sem precedentes”, declarou um funcionário de alto escalão de uma dessas agências. “Havia rumores durante a transição, mas ninguém esperava algo nessa escala.”
O que vem depois? Até o momento, a Casa Branca não divulgou os nomes dos substitutos nem explicou os critérios que levaram às demissões. O episódio, no entanto, ecoa antigas declarações de Trump, que criticava publicamente os inspetores-gerais como obstáculos a seus planos de governo.
Para críticos, as demissões abrem espaço para que as agências se tornem mais vulneráveis a fraudes e abusos, enfraquecendo um dos pilares da governança pública americana. Para os defensores de Trump, a medida seria uma tentativa de garantir maior alinhamento com as prioridades do Executivo.
De qualquer forma, a cena que se desenha agora é de incerteza e tensão nos corredores das grandes agências federais. A decisão de Trump não apenas removeu 12 fiscais, mas também colocou o sistema de vigilância sob os holofotes – e sob questionamento.
