Quatro anos se passaram até que Jair Lemos da Silva, 54 anos, ouvisse a frase que mudaria sua vida: “Encontramos um doador”. O morador de Três Lagoas conhecia de perto a rotina de consultas e exames, e também o peso de uma frustração — na primeira tentativa, um problema de saúde com o doador vivo interrompeu tudo na véspera da cirurgia.
Era julho de 2025 quando o telefone tocou de novo. Do outro lado da linha, a esperança. Jair e a esposa, Cássia Regina Mariano Lemos, arrumaram as malas e seguiram de carro para a Capital. No dia 8, poucas horas antes da cirurgia no Hospital Unimed Campo Grande, Cássia tentava conter o choro: “A gente esperava por isso há muito tempo... e, ao mesmo tempo, a felicidade tomava conta, porque sabíamos que o transplante era essencial para ele ter mais qualidade de vida”, disse, emocionada.
Dra. Rafaella Campanholo, Jair e CássiaDuas semanas depois, ainda internado, Jair recebeu a visita da nefrologista, Dra. Rafaella Campanholo Grandinete, trazendo a boa notícia: a alta médica. “Quero ver o sol, voltar para casa, abraçar meus dois filhos e fazer as coisas do dia a dia”, contou, com um olhar que misturava alívio e gratidão.
Na despedida, a cena que virou tradição no hospital: Jair tocou o “sino da vitória”, cercado pela equipe que o acompanhou durante a internação. A enfermeira Sabrina Cangussu explicou o sentimento de todos: “É um trabalho de muitas mãos. Quando o seu Jair tocou o sino, foi um alívio para todos nós”.
Hoje, de volta à rotina em Três Lagoas, Jair leva consigo um apelo: “Tem tanta gente precisando de uma doação para poder viver. Depois do que passei, não tem como não ser doador. Uma família, mesmo no luto, foi generosa e permitiu que eu tivesse uma nova chance”.
