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Campo Grande

Tradicional Terço em Honra a São João Batista e São Pedro começa hoje

23 junho 2014 - 12h57
Crianças têm significado especial na festa
Crianças têm significado especial na festa - Divulgação

Com o apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, começa nesta segunda-feira na Comunidade Negra São João Batista, no Bairro Pioneira, em Campo Grande, o Terço em Honra a São João Batista e São Pedro, uma das mais tradicionais festas do calendário sul-mato-grossense.

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Além de celebrar a fé religiosa e a tradição familiar, a festividade de Honra a São João Batista e São Pedro abre espaço para quadrilhas e as barraquinhas encantam crianças e adultos com a fartura de comida e abre as portas da comunidade de jeito simples, mas unida e forte.

A festividade, que já foi retratada no livro e documentário “Manifestações Culturais e Religiosas de Mato Grosso do Sul”, organizado pela diretora Lu Tanno e pela Fundação de Cultura, é realizada na Capital desde 1945 por descendentes de quilombolas e moradores que mantêm viva a tradição familiar.

O terço teve como ponto de partida a cidade de Coxim. Desde 1922 a devoção a São João Batista vem alimentando os laços de fé entre membros da família Anunciação. Netos, bisnetos e tataranetos de dona Maria Rosa de Anunciação se unem para celebrar a tradição no município que foi a primeira cidade em solo sul-mato-grossense onde a “promesseira” morou, junto com o filho, José Soares Magalhães.

História

O bebê nascera prematuro e sem chances de sobreviver. Com a saúde do filho reestabelecida, dona Maria Rosa cumpriu a promessa de propagar a fé em São João Batista. Desde então seus descendentes realizam todos os anos o ritual religioso entre os dias 23 e 29 de junho. Em 1945 a família se mudou para Campo Grande, levando junto a tradição dos festejos, que logo se incorporaram ao calendário de festa dos moradores dos bairros por onde passaram.

A comemoração é rica em simbologia. Aos descendentes de Maria Rosa cabe a coordenação de toda a festa. Desde 1992 José Reginaldo de Anunciação e a esposa Maridalva formam o casal de festeiros. Há um responsável por providenciar o material usado para confeccionar e depois acender a fogueira ao entardecer do dia 23, dando início aos eventos da festa. Depois que ela é acesa acontece a chegada dos guardiões à capela. São dois casais - um ao lado do altar e outro posicionado à porta. Após a chegada dos festeiros inicia-se o terço.

As crianças têm um significado especial na festa da comunidade quilombola São João Batista. Elas participam da procissão vestidas de anjo e confirmam as promessas feitas pelas mães para que o Santo interceda pela saúde delas. No primeiro dia de festa os participantes cumprem o ritual de passar por debaixo de um mastro com as bandeiras de São João Batista, São Pedro e São Paulo. No dia 29 a bandeira é recolhida e guardada.

Os acontecimentos da festa dão um colorido especial à comunidade quilombola e mantêm viva a tradição familiar que já completa 90 anos. As comemorações sacro profanas populares movimentam os descendentes de Maria Rosa e os convidados, que somam quase mil pessoas. Em torno de 80 são descendentes das famílias Bispo e Anunciação. Unida em uma associação, a comunidade ganha força para manter as tradições e fortalecer as manifestações de fé.

Desde 2000, as 15 famílias afrodescendentes que vivem na comunidade fizeram da Associação um instrumento para defender os anseios dos moradores e desenvolver projetos voltados para o fortalecimento das necessidades e raízes culturais.

Serviço:

A Comunidade Negra São João Batista fica na Rua Barão de Limeira, 1.750, no Bairro Pioneira, em Campo Grande.

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