
O Paraná viveu, nesta sexta-feira (7), um dos eventos meteorológicos mais severos de sua história recente. Um tornado com ventos de até 250 km/h devastou o município de Rio Bonito do Iguaçu, na região centro-oeste do Estado, deixando seis mortos e 773 feridos, segundo a Defesa Civil. O fenômeno atingiu cerca de 80% da cidade, de 14 mil habitantes, e destruiu centenas de casas.
De acordo com Sheila Paz, meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o tornado foi classificado como F3 na Escala Fujita, o que representa um evento “extremamente violento e devastador”.
“É o pior evento de tempestade da história recente do Paraná”, afirmou Sheila.
Ela explicou que o fenômeno foi provocado pela passagem de uma frente fria associada à formação de um ciclone extratropical na costa do Rio Grande do Sul, que criou supercélulas de tempestade — grandes sistemas convectivos capazes de gerar tornados.
O Simepar confirmou a ocorrência de três tornados no Estado entre as 18h e 20h da sexta-feira, sendo o de Rio Bonito o mais intenso.
O que causou o tornado
Segundo o Simepar, a formação do tornado foi resultado da combinação de umidade elevada, calor intenso e instabilidade atmosférica, em um cenário típico de primavera no Sul do Brasil.
“O ciclone trouxe umidade e energia em excesso e, quando encontrou calor no interior, criou as condições ideais para o surgimento de supercélulas”, explicou Sheila.
Essas supercélulas se formaram à frente da frente fria, produzindo ventos destrutivos, granizo e descargas elétricas.
Tornado, ciclone e furacão: entenda as diferenças
A meteorologista destacou que tornados são comuns na climatologia do Sul, embora raramente atinjam áreas urbanas. Ela também explicou as diferenças entre os fenômenos:
- Tornado: tem dezenas de metros de diâmetro, dura poucos minutos e forma-se dentro de tempestades severas.
- Ciclone: é uma área de baixa pressão atmosférica que pode gerar frentes frias e tempestades, como as do Paraná.
- Furacão: ocorre sobre oceanos tropicais, tem centenas de quilômetros de diâmetro e pode durar dias.
“O Brasil só teve um furacão verdadeiro, o Catarina, em 2004. Já tornados e supercélulas fazem parte da nossa climatologia”, ressaltou Sheila.
Embora tornados não sejam novidade na região, Sheila alerta que eles estão mais intensos e frequentes. “Esses fenômenos sempre existiram, mas hoje acontecem com mais força. Essa chavinha já virou”, afirmou.
A meteorologista destacou que o caso do Paraná reflete um cenário climático mais severo no Sul do país, com tempestades mais destrutivas e recorrentes. “Precisamos investir em sistemas de alerta e educação da população. Saber como agir pode salvar vidas”, reforçou.

