
Campo Grande se prepara para receber, neste sábado (31), a 2ª edição da caminhada 'Todos por Elas', uma mobilização coletiva que tem como objetivo central alertar a sociedade para o enfrentamento à violência contra a mulher. O evento, com início previsto para as 15h na Concha Acústica Helena Meirelles, localizada no Parque das Nações Indígenas, conta com apoio do Governo do Mato Grosso do Sul e reúne representantes do poder público, movimentos sociais e cidadãos engajados na luta por uma sociedade mais justa e segura para todas as mulheres.

Mais do que um simples percurso simbólico, a caminhada representa um grito coletivo contra o feminicídio e a violência de gênero. A programação inclui rodas de conversa, intervenções culturais, distribuição de materiais informativos e homenagens a vítimas, numa ação que transforma luto em luta.
A delegada adjunta da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Analu Ferraz, destaca que muitas vítimas ainda não se reconhecem como tal, seja por medo, vergonha ou descrença na Justiça. Para ela, a mobilização social é essencial para romper esse ciclo.
"Por isso é essencial que todos participem. Um gesto simples, uma denúncia anônima ou uma palavra de apoio pode romper o ciclo da violência", afirma. "A responsabilização dos agressores está em curso, mas só avançamos de verdade com o apoio coletivo", completa.
Ferraz ressalta ainda que medidas protetivas têm sido aplicadas com mais eficiência, graças à celeridade das investigações e ao cumprimento rigoroso das determinações judiciais.
Manuela Nicodemos, subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, ligada à Secretaria de Estado da Cidadania, aponta que o combate ao feminicídio precisa ir além das esferas institucionais.
"Promover uma conscientização crítica e coletiva está entre os principais objetivos da campanha institucional 'Todos por Elas'", pontua. "Precisamos rever comportamentos, atitudes e valores, especialmente os ensinados aos homens. A cultura do respeito deve ser vivida todos os dias."
Ela reforça que o fim da violência contra a mulher só virá com ações concretas, que convertam o discurso em compromisso real.
"Não dá para naturalizar que mulheres sejam mortas apenas por se posicionarem ou dizerem 'não'. Escutar, acolher e agir são atitudes que salvam vidas. E os homens precisam fazer parte dessa mudança."

Além da mobilização social, o Governo de Mato Grosso do Sul vem implementando uma série de ações para fortalecer o combate à violência de gênero. Uma das principais é a Sala Lilás, presente em 49 municípios, que oferece atendimento humanizado às vítimas dentro das delegacias.
Outro destaque é o Promuse (Programa Mulher Segura da Polícia Militar), que faz o acompanhamento de mulheres com medidas protetivas, realizando visitas domiciliares e atendimentos emergenciais via telefone e WhatsApp.
O Estado também investe fortemente na qualificação contínua dos agentes de segurança pública. Em parceria com o Poder Judiciário, cursos específicos são oferecidos para preparar policiais civis e militares no cumprimento das medidas protetivas de maneira sensível e eficiente.
A Polícia Civil do Estado criou um grupo de trabalho composto por 22 profissionais para acelerar as investigações de casos represados na Deam. A força-tarefa já analisou cerca de 80% dos casos pendentes, permitindo a emissão mais rápida de mandados de prisão.
Já o Observatório da Cidadania, desenvolvido em parceria com a UFMS, a Secretaria Estadual de Cidadania e a Fundect, tem papel estratégico na coleta e análise de dados sobre violência de gênero. As informações geradas alimentam políticas públicas mais assertivas e eficazes.
A expectativa é que a 2ª Caminhada #TodosPorElas reúna milhares de pessoas. A iniciativa reforça a urgência de ações coordenadas e chama a atenção para a responsabilidade coletiva no combate ao feminicídio.
A primeira edição, realizada em 2024, já havia demonstrado a força da mobilização popular em torno do tema. Este ano, o evento volta ainda mais estruturado, com presença garantida de representantes dos Três Poderes, organizações da sociedade civil e coletivos feministas.
Canais de denúncia e apoio - Casos de violência contra a mulher podem ser denunciados gratuitamente pelo Disque 180, serviço sigiloso e disponível 24 horas por dia. Em situações de emergência, a recomendação é ligar para o 190.
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira funciona ininterruptamente, com presença da Deam. Já nas cidades do interior, as vítimas podem procurar a delegacia mais próxima.
