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Em meio ao aumento dos casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas no Brasil, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram uma solução simples e acessível para detectar adulterações em destilados. Criado no Instituto de Química da Unesp, em Araraquara (SP), o método identifica a presença de metanol em apenas 15 minutos e custa entre R$ 10 e R$ 15.

O kit, patenteado em 2023 pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), foi batizado de “Método colorimétrico quantitativo e kit portátil para detecção do teor de metanol em etanol, gasolina, bebidas alcoólicas destiladas e vinagre”. A proposta é oferecer uma alternativa prática e de baixo custo às técnicas tradicionais de análise, que exigem laboratórios sofisticados e chegam a custar cerca de R$ 500 por amostra.
Segundo dados do Ministério da Saúde, até o último sábado (4), foram registradas 195 notificações de intoxicação por consumo de bebidas adulteradas em todo o país. Do total, 14 casos foram confirmados, e 13 mortes estão sob investigação. O estado de São Paulo concentra a maior parte dos registros — 162 casos, sendo 14 confirmados e 148 ainda em apuração.
A inovação desenvolvida pela Unesp utiliza um processo químico que transforma o metanol presente na amostra em formol. Em seguida, a adição de um ácido provoca uma mudança de cor na solução, que indica o nível de contaminação.
A coloração final permite identificar visualmente o teor de metanol:
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Verde: sem metanol significativo;
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Verde amarronzado: entre 0,1% e 0,4%;
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Marrom: de 0,5% a 0,9%;
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Roxo: de 1% a 20%;
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Azul marinho: entre 50% e 100%.
De acordo com a Agência Unesp de Inovação, o método é mais rápido, sensível e econômico do que as técnicas convencionais — como a cromatografia gasosa — e não requer profissionais altamente especializados. O tempo de análise é de aproximadamente 15 minutos para bebidas e 25 minutos para combustíveis.
Os testes foram realizados com amostras de gasolina, etanol, vodca, cachaça e uísque, alcançando 100% de precisão. O método atende aos parâmetros exigidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pelo Ministério da Agricultura (Mapa), respeitando os limites máximos de metanol permitidos tanto em combustíveis quanto em bebidas destiladas.
Para a pesquisadora Larissa Alves de Mello Modesto, que liderou o estudo durante o mestrado em química pela Unesp, o método segue rigorosamente as normas da Anvisa sobre validação e confiabilidade de resultados laboratoriais.
“O dono de bar, de resort ou de qualquer evento que compra grande quantidade de destilados é responsável pelo que vende. Fazer esse teste na hora do recebimento é uma forma de garantir a segurança do produto e a própria segurança”, afirmou Larissa.
O desenvolvimento ganha relevância diante do cenário atual de surtos de intoxicação por metanol no Brasil. Casos recentes têm levado autoridades a intensificarem a fiscalização sobre a origem e qualidade de bebidas alcoólicas vendidas em diferentes estados.
A expectativa é que, com o aumento do interesse público e a retomada do debate sobre segurança alimentar, o kit desenvolvido pela Unesp possa finalmente ser produzido em larga escala — ajudando a salvar vidas e a reforçar o controle de qualidade no setor de bebidas.
