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BRASIL

'Tentei mover uma montanha na Indonésia por você', diz irmã de Juliana Marins em carta

Mariana Marins criou página para pressionar por ajuda e fez grande mobilização na internet. Publicitária de 27 anos morreu após cair durante trilha em vulcão e enfrentar demora no resgate

26 junho 2025 - 11h25Giovanna Castro
As irmãs Juliana e Mariana Marins tinham cinco anos de diferença e eram bastante próximas. Juliana morreu após resgate demorar quatro dias para alcançá-la em penhasco do monte Rinjani, na Indonésia.
As irmãs Juliana e Mariana Marins tinham cinco anos de diferença e eram bastante próximas. Juliana morreu após resgate demorar quatro dias para alcançá-la em penhasco do monte Rinjani, na Indonésia. - (Foto: @resgatejulianamarins)

A irmã de Juliana Marins, jovem brasileira que morreu após cair em um penhasco durante trilha ao cume do monte Rinjani, na Indonésia, publicou no Instagram uma carta aberta de despedida. No texto, Mariana Marins fala sobre a personalidade de Juliana, a união entre as duas e a falta que ela fará.

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"Você sempre foi a maior parceira do mundo, mesmo sendo avoadinha de tudo, sempre acreditando que todas as coisas sempre iam dar certo", escreveu Mariana. "A gente sempre dizia que moveria montanhas uma pela outra, e daqui do Brasil, tentei mover uma lá na Indonésia por você. Desculpa não ter sido suficiente, irmã."

Natural de Niterói, no Rio de Janeiro, Juliana tinha 27 anos e viajava para diversos países. Entre os registros em seu perfil no Instagram, constam viagens para Espanha, Holanda, Vietnã, Alemanha, Uruguai e Egito, onde fez um intercâmbio.

A publicitária, que já trabalhou em empresas do grupo Globo, como Multishow e Canal Off, além da agência de marketing Mynd e do evento Rio2C, estava há pelo menos quatro meses "mochilando" quando caiu no monte Rinjani. O resgate demorou quatro dias para alcançá-la e, quando o fez, Juliana já estava morta.

"Você seria uma excelente tia. Seus sobrinhos vão saber tudo sobre você. Não se preocupe com isso. Mas eles não terão o privilégio de conviver com você. E isso tem acabado comigo. Como vou ser velha sem você? Como terei 60 anos sem você do meu lado? Quem usará um gorro de natal comigo?", afirmou Mariana na carta publicada.

Leia a carta na íntegra:

"Aos 4 anos de idade, falei pros meus pais que eu queria 10 irmãs. Aos 5 anos, quando você nasceu, não quis mais nenhum, vc já valia pelos 10! Hahaha!

Você sempre foi doidinha de tudo, de ter as melhores tiradas, um humor típico Marins. Ensinei você a andar de bicicleta, a tocar violão, a gostar de 30 seconds to mars só pra ir ao show comigo.

Você sempre foi a maior parceira do mundo, mesmo sendo avoadinha de tudo, sempre acreditando que todas as coisas sempre iam dar certo. E o pior: elas sempre davam certo!

Você sempre esteve comigo em todos os momentos, inclusive nos piores deles. A gente sempre dizia que moveria montanhas uma pela outra, e daqui do Brasil, tentei mover uma lá na Indonésia por você. Desculpa não ter sido suficiente, irmã.

Do nada me pego pensando no fato de que agora não tenho mais minha madrinha de casamento... ainda bem que eu consegui casar bem antes de você sair de casa pra ir realizar o seu sonho! E ainda bem que vc também amava o amor da minha vida. Era incrível o amor de vocês! Escolhi muito bem né, como você já cansou de me falar.

Outra coisa que tem me incomodado muito é que meus filhos não terão a tia Ju por perto. Seu relógio biológico bateu errado e você - semana sim, semana não - me pedia logo uma sobrinha. Você seria uma excelente tia. Seus sobrinhos vão saber tudo sobre você. Não se preocupe com isso. Mas eles não terão o privilégio de conviver com você. E isso tem acabado comigo.

Como vou ser velha sem você? Como terei 60 anos sem você do meu lado? Quem usará um gorro de natal comigo em qualquer dia de dezembro? Inclusive, não sei como serão os natais sem você, irmã. Minha data preferida. Em que você fazia questão de usar um gorrinho junto comigo porque você sabia que eu amava.

Minha irmã gêmea, com 5 anos de diferença, que me amou, me protegeu, me incentivou, me acolheu. Vai ser muito difícil não te ter por perto, irmã. Vai ser muito difícil seguir sem você. A vida vai ser muito difícil sem você."

Outros textos

Além de Mariana, o pai das irmãs, Manoel Marins, também publicou textos sobre a morte da filha. A família chegou a embarcar para a Indonésia para acompanhar o resgate. Juliana caiu do penhasco na última sexta-feira, 20, e teve sua morte constatada na terça-feira, 24.

Autópsia

O içamento do corpo aconteceu nesta quarta, 25. O corpo da brasileira deve ser autopsiado nesta quinta-feira, 26. Autoridades indonésias informaram que o corpo de Juliana seria transferido para uma ilha vizinha a Bali, capital do país, para a realização dos exames que indicarão a causa e o horário da morte. Só depois haverá liberação para ser translado ao Brasil.

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