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NACIONAL

TCE-SC identifica 1.260 alunos milionários em programa de bolsas de estudo

Relatório do Tribunal de Contas revela irregularidades no programa Universidade Gratuita, com alunos de famílias milionárias e omissão de bens

22 julho 2025 - 19h30Maria Magnabosco
Alunos beneficiários do programa teriam omitido bens de suas famílias para conseguirem aprovação do programa educacional
Alunos beneficiários do programa teriam omitido bens de suas famílias para conseguirem aprovação do programa educacional - (Foto: Krakenimages.com/Adobe Stock)

O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE-SC) revelou em um novo levantamento que 1.260 alunos do programa Universidade Gratuita, lançado pelo governo estadual em 2023, possuem vínculos familiares com grandes fortunas. Entre eles, 19 alunos estão ligados a famílias com patrimônio superior a R$ 200 milhões. Um dos casos mais graves envolve uma família com fortuna que ultrapassa os R$ 855 milhões, conforme o relatório divulgado na última segunda-feira, 21, no Diário Oficial.

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A investigação foi encomendada pela Secretaria de Estado da Educação (SED) com o objetivo de detectar irregularidades no programa de bolsas de estudo, que visa financiar a educação superior de estudantes carentes. Segundo o TCE, o prejuízo estimado para o governo de Santa Catarina com as bolsas concedidas indevidamente pode chegar a R$ 250 milhões.

Na primeira análise, realizada em junho, o TCE havia identificado 858 estudantes com bens patrimoniais incompatíveis com o perfil de beneficiários de programas de bolsas. Entre os bens declarados estavam lanchas, carros de luxo e empresas com capital social superior a R$ 10 milhões. Após as fraudes serem divulgadas, o governador Jorginho Mello (PL) determinou a abertura de um inquérito pela Polícia Civil para investigar os responsáveis.

No relatório divulgado agora, o número de estudantes com vínculos patrimoniais questionáveis subiu para 1.260. Juntas, as famílias de 19 alunos, com patrimônio superior a R$ 200 milhões, possuem uma fortuna estimada em R$ 7 bilhões. Além disso, o levantamento apontou que 15.281 estudantes omitiram bens durante o processo de inscrição para conseguir a aprovação no programa, enquanto 4.430 declararam uma renda incompatível com a real situação financeira.

O TCE cruzou os dados fornecidos pelos alunos com diversas bases públicas e governamentais, analisando vínculos empregatícios, dados de residência e até mesmo a veracidade dos membros familiares, incluindo a situação de falecimento de parentes. O relatório com as irregularidades foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) para as devidas providências.

O conselheiro do TCE, Gerson dos Santos Sicca, responsável pela relatoria, destacou que o objetivo da análise é garantir maior controle sobre o programa e facilitar a fiscalização das instituições de ensino superior que aplicam as bolsas. O governo do estado ainda não recebeu o relatório final, mas aguarda os dados detalhados para dar continuidade às investigações e identificar os responsáveis pelas fraudes.

Em sua defesa, a Secretaria de Estado da Educação afirmou que o programa Universidade Gratuita tem um impacto social importante, atendendo atualmente mais de 50 mil estudantes. Segundo a pasta, 82% dos beneficiários são egressos de escolas públicas estaduais, e 85% dos alunos contemplados trabalham enquanto estudam, o que reforça a necessidade de um apoio governamental para o acesso e permanência na universidade.

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