
A diarreia voltou com força total a Guarujá. Somente na última quarta-feira o Hospital Santo Amaro atendeu 400 pessoas com sintomas da virose, que também pode causar vômito, febre e dores musculares.

O número representa 900% a mais do que o registrado em dias normais, quando cerca de 40 pessoas aparecem com este tipo de problema na unidade. Além disso, equivale a 22,5% de todos os 1.774 casos diagnosticados entre dezembro de 2009 e a primeira quinzena de janeiro de 2010, quando a doença atingiu o estágio de surto na Cidade.
Prontos-socorros públicos e particulares sentiram o aumento na demanda. Desde o início desta semana a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) conhecida como PAM Rodoviária está atendendo, em média, 100 pessoas com estes sintomas. O número representa três vezes mais do que o habitual, em torno de 30 pacientes. Em compensação, apesar de preocupar, a doença ainda não mobiliza a maior parte dos atendimentos do posto.
"O PAM atende cerca de 1 mil pacientes diariamente. Os casos de virose representam, por enquanto, 10% disso. Não podemos chamar isso de surto, pois há toda uma metodologia adotada pelo Estado para classificar este tipo de situação. A virose normalmente aumenta no verão", afirma o diretor de Unidade da Secretaria de Saúde de Guarujá, Magno Silva de Moura.
Mesmo assim, a Prefeitura reabriu a tenda que foi montada no ano passado para tratar especificamente casos de dengue. Agora, o local está descentralizando o atendimento dos casos de virose e similares.
Ontem, no final da tarde, seis pessoas eram hidratadas na sala de repouso do local. "Estou com pressão baixa e mal estar, por isso o médico me encaminhou para cá. Mas ainda não sei se estou com virose", disse a professora Janaína Souza dos Santos, de 25 anos, moradora do Bairro Santa Rosa.
Em 2010 ela foi uma das afetadas pelo surto. "Acho que peguei da água, mas não sei ao certo".
Na clínica particular Medical Care, no Centro de Guarujá, o aumento desde o início desta semana foi em torno de 60%. "Agora estamos atendendo cerca de 100 pessoas por dia com a doença", calcula a administradora da unidade, Maria Célia Ferreira.
Para dar conta da demanda, a clínica tem recorrido a médicos que estão de folga e tem ficado aberta até mais tarde. "Mas o pico mesmo foi nos dias 2 e 3, quando 80% do nosso atendimento foram casos de virose. Agora já está diminuindo".
Histórico - A causa do surto que atingiu quase 2 mil pessoas na Cidade, em 2010, não foi esclarecida. O Relatório Final de Investigação do Surto de Diarreia em Guarujá, elaborado pela Coordenadoria de Controle de Doençasdo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, apontou"a forte associação entre qualidade da água e a ocorrência do surto apontada no estudo epidemiológico". Porém, o laudo foi inconclusivo.
Então secretário de Saúde de Guarujá, o médico infectologista Marco Antônio Barbosa dos Reis disse em setembro, ao receber o laudo, que não havia como provar a possível contaminação pela água.
