
Com investimentos que já ultrapassam R$ 200 milhões em tecnologia e infraestrutura para a segurança pública desde 2023, Mato Grosso do Sul deu mais um passo estratégico no enfrentamento ao crime digital ao sediar, em Campo Grande, o Summit Nacional de Investigação Criminal Tecnológica. O evento, iniciado nesta terça-feira (4), no Bioparque Pantanal, reúne autoridades jurídicas, policiais e especialistas em inteligência digital de todo o país.
Organizado pela Polícia Civil do Estado, o encontro marca a abertura de um espaço institucional voltado ao debate qualificado sobre um dos maiores desafios da segurança pública contemporânea: a cadeia de custódia da prova digital. Em um cenário cada vez mais dominado por crimes cibernéticos sofisticados e transnacionais, o evento busca promover a escuta técnica, a cooperação entre instituições e a elaboração de respostas eficazes.
Representando o governador Eduardo Riedel, o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, destacou a necessidade de um Estado tecnicamente preparado para enfrentar a criminalidade digital. “A criminalidade tem usado a tecnologia como aliada. O Estado precisa se especializar para usar esses mesmos instrumentos em benefício da sociedade. E isso só será possível com formação continuada, escuta ativa de especialistas e estratégia”, afirmou.
Ao longo dos últimos dois anos, o Governo de MS reforçou a política de segurança com entregas significativas: mais de 60 viaturas, armamentos modernos e tecnologias de rastreamento e investigação foram incorporados às forças policiais. Só na Polícia Civil, o investimento ultrapassa R$ 48 milhões, com destaque para aquisição de softwares de análise digital, reestruturação de delegacias e ampliação da capacidade técnica em crimes cibernéticos.
O delegado-geral da Polícia Civil, Dr. Lupérsio Degerone, explicou que a criminalidade atual opera no que chamou de “crime 4.0”, marcado pelo anonimato, atuação remota e uso de tecnologia de ponta. “Hoje o criminoso não precisa sair de casa para cometer delitos como estelionato, tráfico ou lavagem de dinheiro. Ele opera com arquivos criptografados, metadados e conexões em rede. Nossa resposta estatal precisa ser tão sofisticada quanto o crime que enfrentamos”, pontuou.
Idealizadora do evento, a delegada Anne Karine Trevisan, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), reforçou que a investigação digital já não é uma opção, mas uma exigência legal e ética. “Precisamos de diálogo e cooperação para compreender as limitações operacionais, aprimorar a coleta de provas digitais e transformar conhecimento em ação”, afirmou.
O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, destacou o papel da inteligência e da integração como ferramentas centrais no combate à criminalidade tecnológica. Segundo ele, o sucesso do evento está no envolvimento de diferentes esferas do poder público. “Esse debate vai além das funções policiais; ele nos interpela como cidadãos e como pais. Precisamos de respostas à altura da gravidade desses crimes”, disse.
A programação do Summit segue até o fim da semana com painéis temáticos, oficinas práticas, palestras e troca de experiências entre especialistas de todo o país. Os temas abordam desde rastreabilidade digital até proteção de dados e menores em ambientes virtuais.
Para o vice-governador Barbosinha, o evento simboliza a construção de uma cultura de investigação baseada na ciência, na responsabilidade institucional e no compromisso com o cidadão. “A nossa missão é garantir que a tecnologia não seja um obstáculo, mas um instrumento poderoso a favor da Justiça e da proteção da sociedade sul-mato-grossense”, concluiu.


