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LIBERDADE NEGADA

STJ nega liberdade a Motinha, acusado de chefiar grupo criminoso na fronteira

Acusado de chefiar um clã familiar armado e envolvido com o tráfico internacional, ele escapou de helicóptero e virou lenda entre os procurados

2 abril 2025 - 18h00Da Redação
STJ diz não ao habeas corpus de Motinha, acusado de chefiar organização armada e sumido há quase dois anos
STJ diz "não" ao habeas corpus de Motinha, acusado de chefiar organização armada e sumido há quase dois anos - (Foto: Reprodução)

Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, mais conhecido como Motinha – ou, para os íntimos, Dom, como o personagem de O Poderoso Chefão – não foi preso, mas também não foi libertado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou, de forma definitiva, o pedido de habeas corpus apresentado por seus advogados. O caso já transitou em julgado. Game over.

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Na papelada enviada ao tribunal, a defesa afirmou que Motinha não está foragido (só sumido), que não faz parte de organização criminosa (só tem muitos amigos armados) e que poderia cumprir medidas cautelares, como quem promete ficar em casa e se comportar. Mas o ministro Reynaldo Soares da Fonseca, relator do caso, não comprou a ideia. E a 5ª Turma do STJ também não.

A acusação é mais cinematográfica do que o apelido Dom. Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, Motinha chefiaria uma organização transnacional, armada, com base em fazendas na fronteira entre Brasil e Paraguai – algumas com nomes dignos de novela rural, como Buracão e Tres Palos. De lá, segundo os autos, ele movimentaria drogas, armas e seguranças particulares com experiência em conflitos internacionais.

Em maio de 2023, uma operação batizada de Magnus Dominus – nome apropriado para um personagem épico – foi deflagrada para capturar o empresário do crime. Só que Motinha teria escapado de helicóptero, pouco antes de os agentes baterem à sua porta. Desde então, não foi mais visto. Um sumiço que desafia até o GPS da Interpol.

Um clã de tradição - Para entender Motinha, é preciso voltar ao passado. O negócio da família começou com o avô, Joaquim Francisco da Mota, que nos anos 1960 saiu da Bahia rumo à fronteira de Mato Grosso com o Paraguai (ainda era só Mato Grosso naquela época). Começou com contrabando de café e, dizem, passou para algo mais forte.

Veio então o filho, Tonho, que deu continuidade aos negócios. Preso em fevereiro de 2024 pela PF, foi solto logo depois graças ao mesmo ministro que agora nega a liberdade de Motinha. Uma ironia jurídica que Tonho aproveitou: desde então, também está foragido.

O clã é democrático: mulheres da família também são investigadas. A esposa de Tonho, Cecy Mendes Gonçalves, e a filha do casal, Cecy Mota, respondem por lavagem de dinheiro. Em 2019, chegaram a ser presas com Tonho por porte de armas – todos foram soltos em seguida.

No currículo da família: tráfico, armas, fazendas, helicópteros e uma gestão empresarial das mais discretas. Uma espécie de multinacional da fronteira – sem sede oficial, mas com muita influência.

Agora, com o habeas corpus de Motinha negado em última instância, o processo retorna à Justiça Federal, enquanto ele continua solto, leve e aparentemente inalcançável.

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