
Em uma sala de terapia, uma criança coloca os óculos de realidade virtual. No ambiente digital, ela está em um parque. Precisa interagir com um personagem, atravessar a rua ou responder perguntas sobre emoções. Tudo acontece como num jogo, mas cada ação tem um propósito: ajudar no desenvolvimento de habilidades sociais, motoras e cognitivas. Essa é a proposta da Therafy Care, startup de Campo Grande (MS) que usa realidade virtual para criar um novo modelo de terapia para crianças com autismo, TDAH e outras condições.

A ideia surgiu em 2019, quando a psicóloga Francyelle Marques e o administrador Antônio Almeida decidiram unir forças – e áreas de conhecimento – para criar algo que fosse além dos métodos tradicionais. Francyelle, que sempre trabalhou com educação inclusiva, enxergou na tecnologia um caminho para tornar as terapias mais dinâmicas. Antônio, especialista em inovação, viu a chance de transformar essa visão em realidade. Assim nasceu a Therafy, uma mistura de “terapia” com o sufixo inglês “fy”, que indica transformação.
Inteligência artificial no lugar do terapeuta? - A plataforma da Therafy funciona como um jogo educativo. O usuário coloca os óculos Meta Quest e é guiado por ANA, uma inteligência artificial que faz perguntas, sugere desafios e reage conforme as respostas. Se a criança acerta, ganha recompensas. Se erra, recebe orientações para tentar de novo. O sistema também monitora o progresso e gera relatórios para terapeutas e professores.
A abordagem já está sendo usada em oito estados brasileiros, atendendo escolas públicas e clínicas especializadas. Em Aparecida do Taboado (MS), cerca de 50 crianças utilizam a plataforma. Em Ribas do Rio Pardo (MS), são 100 estudantes.
“Os resultados mostram que a tecnologia pode ser uma grande aliada na inclusão e no desenvolvimento das crianças”, afirma Francyelle.

Como transformar terapia em jogo - A plataforma da Therafy tem três jogos principais:
• Desenvolvimento socioemocional: Ensina a reconhecer e expressar emoções, usando reconhecimento de voz para mediar interações.
• Atividades do dia a dia: Simula situações comuns, como atravessar a rua ou visitar um amigo, ajudando na autonomia.
• Expressão criativa: Permite que crianças pintem em realidade virtual, estimulando a coordenação motora e a criatividade.
Os gráficos foram ajustados para evitar sobrecarga sensorial, um problema comum entre pessoas com autismo. Os jogos são testados por terapeutas e desenvolvidos em parceria com especialistas em educação e saúde.
O próximo passo - Desde o início, a Therafy contou com apoio do Sebrae/MS e da Fundect. O projeto foi selecionado pelo Programa Centelha 1, que apoia startups inovadoras. Agora, a empresa quer expandir para mais cidades e estados, além de participar de eventos de tecnologia e empreendedorismo para divulgar a ideia.
Quem quiser saber mais pode acompanhar a Therafy pelo Instagram ou pelo site oficial.
Para informações sobre iniciativas do Sebrae/MS, o contato é 0800 570 0800.
