
Ontem à noite, quinta-feira (22) na Feira Central de Campo Grande, uma ideia simples e poderosa foi premiada: transformar a spirulina, uma alga do Pantanal, em produto para melhorar o solo das lavouras. O projeto, chamado Spirulina Bioativo Pantanal, venceu o Desafio Pantanal Tech 2025, competição promovida pelo Governo do Estado para apoiar pesquisas inovadoras em áreas como agricultura e meio ambiente.

A pesquisa, liderada pela doutora em Aqüicultura Michelle Pinheiro Vetorelli, propõe o uso da spirulina, uma cianobactéria abundante nas lagoas salinas do Pantanal, como bioestimulante agrícola. Em vez de ser usada como suplemento humano, como já é comum, a alga é aplicada ao solo e às plantas, melhorando o rendimento das lavouras de forma natural e sustentável.
“Nossa solução é sustentável, acessível e regional”, resumiu Michelle no palco. O projeto, ainda em estágio de desenvolvimento, já tem um plano: a implantação de tanques de produção para testes em escala ampliada.
O reconhecimento veio do Desafio Pantanal Tech, uma iniciativa que une ciência, meio ambiente e mercado. Foram mais de 100 projetos inscritos em áreas como bioeconomia, biodiversidade e agronegócio. Dez finalistas apresentaram seus pitches — pequenas apresentações objetivas — à banca avaliadora. Todos receberão bolsas mensais de R$ 6,5 mil durante um ano, como incentivo à continuidade da pesquisa e desenvolvimento de negócios com base científica.
A spirulina levou o primeiro lugar. Mas não foi a única ideia premiada. Em segundo lugar, ficou o Smart Seed.IA, sistema que usa inteligência artificial para otimizar a produção de sementes. Em terceiro, a Marmos, tecnologia criada para avaliar carne bovina de acordo com padrões internacionais, ajudando na valorização da raça Nelore.
Durante o evento, representantes do Sebrae, da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino (Fundect) e da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) acompanharam as apresentações no palco montado dentro da Ruraltur MS. O tom era de entusiasmo, mas também de planejamento. O secretário-executivo Ricardo Senna falou da importância de apoiar as chamadas deep techs — startups que nascem dentro das universidades, com base em pesquisa robusta. “O desafio conecta o conhecimento à prática. É disso que a inovação precisa”, disse.
Com o prêmio, Michelle e sua equipe ganham mais do que o recurso financeiro: ganham tempo, estrutura e visibilidade para mostrar que o Pantanal pode, sim, ser uma fonte de soluções agrícolas modernas — sem deixar de ser Pantanal.
