
A cápsula da SpaceX chegou neste sábado (2) à Estação Espacial Internacional (ISS) com uma nova tripulação de quatro astronautas dos Estados Unidos, Japão e Rússia, apenas 15 horas após o lançamento a partir do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, na Flórida. A rápida viagem, uma das mais curtas entre o solo terrestre e a estação, reforça a eficiência crescente das missões comerciais em parceria com a agência espacial americana.

A bordo da cápsula Crew Dragon, viajaram os astronautas Zena Cardman e Mike Fincke (Nasa), Kimiya Yui (Agência Espacial Japonesa JAXA) e Oleg Platonov (agência russa Roscosmos). Eles permanecerão pelo menos seis meses a bordo da ISS, substituindo a equipe que está na estação desde março.
"Olá, estação espacial!", anunciou Fincke pelo rádio assim que a cápsula concluiu a acoplagem em órbita sobre o Pacífico Sul. A chegada eleva, ainda que temporariamente, a população da estação para 11 tripulantes, até que os astronautas substituídos retornem à Terra.
Missão remanejada e desafios com o Starliner
A tripulação que chegou neste sábado tem uma história marcada por adaptações de última hora. Fincke e Yui estavam originalmente escalados para missões futuras da cápsula Starliner, da Boeing, mas os problemas técnicos enfrentados pelo veículo incluindo falhas no propulsor adiaram novas missões para 2026, obrigando a Nasa a remanejar os astronautas para a missão da SpaceX.
Zena Cardman e outro astronauta chegaram a ser retirados de um voo da SpaceX em 2023 para dar lugar a Butch Wilmore e Suni Williams, dois pilotos de teste da Boeing que acabaram ficando presos por mais de nove meses na estação devido a problemas na própria Starliner, cuja missão original previa uma estadia de apenas uma semana.
Já Oleg Platonov, da Roscosmos, foi excluído de uma missão da nave russa Soyuz há alguns anos por questões de saúde, mas foi recentemente liberado para o voo pela SpaceX, marcando seu retorno ao plano de voos espaciais.
Os quatro astronautas foram recebidos calorosamente pelos colegas na ISS. Em sua primeira fala já a bordo da estação, Zena Cardman descreveu a aproximação como um momento marcante: "Foi uma visão incrivelmente bela ver a estação espacial aparecer pela primeira vez", afirmou.
A tripulação atual da ISS será substituída nos próximos dias, com retorno previsto para quarta-feira (7). A SpaceX, responsável tanto pelo lançamento quanto pela missão de retorno, mantém cronogramas rígidos de segurança e eficiência, com sua cápsula Crew Dragon sendo amplamente utilizada desde 2020.
A chegada da nova tripulação reforça o caráter multinacional da ISS, que há décadas se mantém como um dos mais bem-sucedidos projetos de cooperação científica entre agências espaciais. Os 11 tripulantes atualmente a bordo compartilham experimentos, tarefas de manutenção e observações científicas em áreas como biologia, física e climatologia.
O sucesso da missão também ocorre em meio a tensões diplomáticas entre países participantes, mas mostra que, no espaço, a colaboração científica continua sendo prioridade. A Nasa, Roscosmos, JAXA e outras agências mantêm equipes conjuntas com planejamento conjunto e divisão de responsabilidades operacionais.
Desde que iniciou voos tripulados em 2020, a SpaceX se consolidou como a principal alternativa americana para o transporte de astronautas à ISS, especialmente diante dos recorrentes atrasos enfrentados pela Boeing. A empresa de Elon Musk realiza voos regulares com a cápsula Crew Dragon e já transportou dezenas de astronautas de diferentes nacionalidades.
A velocidade de acoplagem e a precisão da missão demonstram o grau de maturidade alcançado pelo programa Commercial Crew, que visa reduzir os custos das viagens espaciais e permitir que a Nasa foque em seus projetos de longo prazo, como o programa Artemis, que pretende levar astronautas de volta à Lua nos próximos anos.
Ao longo dos próximos meses, os quatro novos astronautas participarão de experimentos científicos e manutenção da estrutura orbital, além de treinamentos e atividades extraveiculares (as chamadas "caminhadas espaciais"). A missão também inclui a coleta de dados para futuras missões interplanetárias e avanços na medicina espacial.
A tripulação que será substituída retornará à Terra na cápsula Dragon, com pouso programado em área marítima próxima à costa da Flórida, se as condições climáticas forem favoráveis.
