
A escritora britânica Madeleine Wickham, conhecida mundialmente pelo pseudônimo Sophie Kinsella, morreu aos 55 anos em Londres. O falecimento foi confirmado nesta semana por sua família à BBC e também pelas redes sociais oficiais da autora, que destacou que ela “partiu em paz, cercada por seus verdadeiros amores: família, música, carinho, Natal e alegria”.
Em 2022, Kinsella recebeu o diagnóstico de um glioblastoma, um tipo agressivo de câncer no cérebro. Desde então, passou por cirurgia, radioterapia e sessões de quimioterapia. Mesmo enfrentando o tratamento, seguiu escrevendo — e lançou, em fevereiro de 2025, sua última obra: Como é para você?, um romance semificcional baseado em sua experiência com a doença.
“Sou uma criatura reservada, então pode parecer estranho que eu tenha revelado para o mundo tantas coisas pessoais. Mas sempre processei minha vida através da escrita. Escondida atrás de personagens fictícias, transformei minha história em narrativas. É esse o meu jeito de fazer terapia, acho”, escreveu Kinsella na apresentação do livro. “A história da Eve é a minha história.”
Referência mundial na literatura feminina - Autora de mais de 30 livros traduzidos para dezenas de idiomas, Sophie Kinsella marcou profundamente a literatura contemporânea com sua combinação de leveza, humor e crítica social. O grande sucesso veio em 2000 com Os delírios de consumo de Becky Bloom (Editora Record), que apresentou ao mundo a personagem Becky Bloomwood — uma jornalista financeira com hábitos de consumo descontrolados e uma vida amorosa cheia de confusões.
O livro, que vendeu mais de 45 milhões de cópias em todo o mundo, foi adaptado para o cinema em 2009 com a atriz Isla Fisher no papel principal. A produção levou o nome Delírios de consumo de Becky Bloom para as telonas e ampliou ainda mais o alcance da autora entre o público jovem e feminino.
Além da saga Becky Bloom, Kinsella também publicou obras como À procura de Audrey e Becky Bloom em Hollywood. Em 2015, esteve no Brasil como uma das atrações da Bienal do Livro Rio, onde atraiu fãs para sessões de autógrafos e bate-papos sobre literatura e criatividade.
Madeleine Wickham nasceu em Londres, em 1969, e formou-se em música no prestigiado New College, em Oxford. Mais tarde, voltou-se para os estudos de filosofia, política e economia. Aos 24 anos, publicou seu primeiro romance sob o nome de casada — que não chegou a ser editado no Brasil.
O pseudônimo Sophie Kinsella passou a ser adotado com o lançamento de sua série mais famosa e se tornou a marca de uma carreira voltada à literatura de entretenimento com profundidade emocional. Especialistas consideram que Kinsella ajudou a redefinir o gênero chick lit — a chamada literatura feminina contemporânea — ao trazer protagonistas imperfeitas, fortes e humanas para o centro das narrativas.
Mesmo ao lidar com temas densos, como depressão, ansiedade e, mais recentemente, o câncer, a escritora manteve um tom acolhedor e irônico em suas obras. Essa combinação, segundo leitores e críticos, fez com que sua escrita fosse facilmente identificável e profundamente conectada às experiências da vida real.
Legado literário e humano - A morte de Sophie Kinsella deixa uma lacuna no cenário da literatura internacional, especialmente para os fãs do gênero romântico-comediante. Suas histórias, no entanto, seguem vivas nas prateleiras e nas lembranças de milhões de leitores que encontraram consolo, risos e identificação em suas palavras.
Além de escritora, Kinsella era mãe e esposa, conhecida por manter a vida pessoal longe dos holofotes. Mesmo assim, soube transformar sua intimidade em matéria-prima para obras que emocionaram gerações.
Seu último livro, como ela mesma afirmou, é o mais autobiográfico de todos. Nele, ela transforma a dor em beleza e encontra, através da ficção, uma forma de eternizar sua experiência de vida.

