Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
19 de novembro de 2025 - 18h05
uems
GERAL

Sindicalização volta a crescer no Brasil após 12 anos e ganha 812 mil novos filiados

Pnad Contínua mostra avanço de 9,8% nas associações em 2024, mas nível segue distante do pré-reforma trabalhista.

19 novembro 2025 - 15h10
Assembleia de trabalhadores: Brasil registra 812 mil novas filiações sindicais em 2024, segundo IBGE.
Assembleia de trabalhadores: Brasil registra 812 mil novas filiações sindicais em 2024, segundo IBGE. - Paulo Pinto/Agência Brasil

Pela primeira vez em mais de uma década, o Brasil voltou a registrar aumento no número de trabalhadores sindicalizados. Dados da Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (19), apontam que 812 mil pessoas passaram a se filiar a sindicatos em 2024, elevando o total para 9,1 milhões de trabalhadores – uma alta de 9,8% em relação ao ano anterior. Apesar do crescimento, o país ainda está longe do patamar de 2012, quando 14,4 milhões eram sindicalizados.

Canal WhatsApp

Hoje, os sindicalizados representam 8,9% dos 101,3 milhões de trabalhadores ocupados. O percentual vinha caindo de forma contínua desde 2012, quando alcançou 16,1% do total de ocupados. Entre as causas da queda prolongada, destaca-se a reforma trabalhista de 2017, que extinguiu a contribuição sindical obrigatória e reduziu drasticamente os recursos e a estrutura das entidades.

Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, há uma clara coincidência entre o início da queda mais intensa e a aprovação da reforma. “Os dados mostram uma correlação forte entre a implantação da lei e a queda do percentual de pessoas sindicalizadas”, afirmou. Para 2024, ele avalia que o movimento positivo indica uma possível retomada da percepção sobre a importância da organização coletiva. “Talvez as pessoas estejam começando a verificar novamente a necessidade de se organizar e lutar pelos direitos dos trabalhadores”, disse.

O levantamento indica que o crescimento veio principalmente de trabalhadores mais velhos: oito em cada dez novos sindicalizados têm mais de 30 anos. A faixa entre 40 e 49 anos responde por 32% das novas filiações. Já os mais jovens seguem pouco presentes: apenas 0,7% do saldo de novos sindicalizados tem entre 14 e 19 anos. Nesse grupo, a taxa de sindicalização é de apenas 1,6%, muito abaixo da média nacional.

Kratochwill avalia que essa diferença pode estar relacionada ao fato de muitos jovens não terem histórico ou vínculo prévio com sindicatos, enquanto parte dos trabalhadores mais velhos pode estar retornando às entidades. “Não há ainda uma grande renovação dos quadros”, observou.

O setor público continua liderando em participação sindical. Três em cada dez sindicalizados trabalham em áreas como administração pública, educação e saúde. Esses segmentos também concentram o maior percentual de filiação: 15,5%. Na sequência aparecem agricultura (14,8%), indústria (11,4%) e serviços financeiros e administrativos (9,6%).

Os setores com menor taxa de sindicalização são os serviços domésticos (2,6%), outros serviços (3,4%) e construção civil (3,6%).

Entre os trabalhadores com ensino superior completo, 14,2% são sindicalizados — proporção bem acima da média geral. Já entre trabalhadores com ensino fundamental completo ou médio incompleto, esse índice cai para 5,7%. Para o IBGE, maior instrução pode influenciar na percepção sobre a importância da organização coletiva.

O tipo de contrato também pesa: funcionários públicos têm taxa de sindicalização de 18,9%, mais que o dobro da média nacional. Entre trabalhadores com carteira assinada, o índice fica em 11,2%. Já entre informais, apenas 3,8% fazem parte de sindicatos. Entre trabalhadores por conta própria, 5,1% são filiados.

A desigualdade de gênero entre sindicalizados vem encolhendo ao longo das últimas décadas. Em 2012, os homens representavam 61,3% dos filiados; em 2024, são 57,6%. Na taxa de associação, a diferença caiu de 2 pontos percentuais para 0,4. Em 2022, inclusive, a taxa feminina chegou a ultrapassar a masculina.

“Nos últimos anos, as mulheres deixaram menos o sindicalismo e agora acompanham o movimento de crescimento das filiações”, explica Kratochwill.

A pesquisa também mostra queda contínua no número de trabalhadores associados a cooperativas. Em 2012, eram 1,5 milhão (6,3% dos ocupados). Em 2024, são 1,3 milhão — o menor número da série, representando apenas 4,3% dos trabalhadores.

Segundo o IBGE, o recuo indica perda de fôlego de modelos associativos voltados ao cooperativismo econômico e social.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas