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EDUCAÇÃO

Sete em cada dez estudantes do ensino médio usam IA como aliada nas tarefas escolares

Uso de inteligência artificial cresce nas escolas, mas poucos alunos recebem orientação adequada. Especialistas alertam para a necessidade de ensinar o uso crítico da tecnologia

16 setembro 2025 - 10h55Agência Brasil
Dado está na 15ª edição da pesquisa TIC Educação
Dado está na 15ª edição da pesquisa TIC Educação - Foto: Imagem criada pelo Chatgpt
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O uso de inteligência artificial por estudantes brasileiros tem se tornado uma prática cada vez mais comum nas escolas. Segundo a 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada nesta terça-feira (16) pelo Cetic.br, 70% dos alunos do ensino médio que utilizam a internet recorrem a ferramentas como ChatGPT e Gemini para realizar trabalhos escolares.

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O levantamento mostra que a presença dessas ferramentas mudou a forma como os jovens buscam informações. Entre os alunos dos anos finais do ensino fundamental, 39% usam esse tipo de tecnologia. Já no ensino médio, o índice salta para 70%.

Para a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, o crescimento do uso da IA pelos alunos exige novas abordagens educacionais. “Essas ferramentas requerem uma nova forma de lidar com linguagem, curadoria de conteúdo e compreensão da informação”, destacou.

Apesar do uso crescente, apenas 32% dos estudantes afirmam ter recebido orientação sobre como utilizar IA nas atividades escolares. A falta de preparo preocupa especialistas, que defendem que os alunos devem ser ensinados a usar essas tecnologias de forma crítica e responsável.

“É essencial que eles saibam avaliar fontes, reconhecer autoria e construir conhecimento, indo além de simplesmente aceitar as respostas fornecidas por essas ferramentas”, afirmou Daniela.

Regras e debates nas escolas

Com o avanço da IA no ambiente escolar, a discussão sobre seu uso já começou a ser tratada em reuniões entre direções escolares, professores e famílias. Segundo a pesquisa, 68% das escolas realizaram encontros com professores sobre o uso de tecnologias digitais, e 60% se reuniram com os responsáveis dos alunos. No entanto, apenas 40% dos gestores citam que as regras sobre o uso de IA foram efetivamente discutidas.

Celulares nas salas de aula

A pesquisa também mostra uma mudança nas regras sobre o uso de celulares nas escolas. Em 2023, 28% das instituições proibiam o uso do aparelho por alunos. Já em 2024, esse número subiu para 39%, especialmente em escolas rurais, municipais e particulares.

Mesmo nas instituições particulares, o uso de tecnologias tem diminuído. Em 2020, 70% das escolas privadas tinham internet nas salas de aula. Em 2024, esse índice caiu para 52%.

Conectividade e desigualdade

O estudo revela que 96% das escolas brasileiras têm acesso à internet, com avanços importantes entre escolas municipais (de 71% em 2020 para 94% em 2024) e rurais (de 52% para 89%). No entanto, o acesso a dispositivos digitais continua sendo um desafio, especialmente nas escolas públicas de áreas mais afastadas.

Nas escolas estaduais, 67% dos alunos usam a internet para atividades escolares. Já nas escolas municipais, esse número é de apenas 27%. A presença de computadores para uso dos estudantes também é baixa: apenas 51% das instituições municipais contam com esses recursos.

Formação de professores em queda

Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é a queda na formação de professores em tecnologias digitais. Em 2021, 65% dos docentes haviam participado de cursos na área. Em 2024, esse número caiu para 54%, com queda acentuada entre professores da rede municipal (de 62% para 43%).

Segundo Daniela Costa, a formação é essencial para que os professores possam orientar os alunos sobre o uso seguro e criativo da tecnologia. “A capacitação ajuda a preparar os docentes para um cenário em constante transformação, especialmente com a chegada de novas ferramentas como a IA”, disse.

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