
O uso de inteligência artificial por estudantes brasileiros tem se tornado uma prática cada vez mais comum nas escolas. Segundo a 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada nesta terça-feira (16) pelo Cetic.br, 70% dos alunos do ensino médio que utilizam a internet recorrem a ferramentas como ChatGPT e Gemini para realizar trabalhos escolares.

O levantamento mostra que a presença dessas ferramentas mudou a forma como os jovens buscam informações. Entre os alunos dos anos finais do ensino fundamental, 39% usam esse tipo de tecnologia. Já no ensino médio, o índice salta para 70%.
Para a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa, o crescimento do uso da IA pelos alunos exige novas abordagens educacionais. “Essas ferramentas requerem uma nova forma de lidar com linguagem, curadoria de conteúdo e compreensão da informação”, destacou.
Apesar do uso crescente, apenas 32% dos estudantes afirmam ter recebido orientação sobre como utilizar IA nas atividades escolares. A falta de preparo preocupa especialistas, que defendem que os alunos devem ser ensinados a usar essas tecnologias de forma crítica e responsável.
“É essencial que eles saibam avaliar fontes, reconhecer autoria e construir conhecimento, indo além de simplesmente aceitar as respostas fornecidas por essas ferramentas”, afirmou Daniela.
Regras e debates nas escolas
Com o avanço da IA no ambiente escolar, a discussão sobre seu uso já começou a ser tratada em reuniões entre direções escolares, professores e famílias. Segundo a pesquisa, 68% das escolas realizaram encontros com professores sobre o uso de tecnologias digitais, e 60% se reuniram com os responsáveis dos alunos. No entanto, apenas 40% dos gestores citam que as regras sobre o uso de IA foram efetivamente discutidas.
Celulares nas salas de aula
A pesquisa também mostra uma mudança nas regras sobre o uso de celulares nas escolas. Em 2023, 28% das instituições proibiam o uso do aparelho por alunos. Já em 2024, esse número subiu para 39%, especialmente em escolas rurais, municipais e particulares.
Mesmo nas instituições particulares, o uso de tecnologias tem diminuído. Em 2020, 70% das escolas privadas tinham internet nas salas de aula. Em 2024, esse índice caiu para 52%.
Conectividade e desigualdade
O estudo revela que 96% das escolas brasileiras têm acesso à internet, com avanços importantes entre escolas municipais (de 71% em 2020 para 94% em 2024) e rurais (de 52% para 89%). No entanto, o acesso a dispositivos digitais continua sendo um desafio, especialmente nas escolas públicas de áreas mais afastadas.
Nas escolas estaduais, 67% dos alunos usam a internet para atividades escolares. Já nas escolas municipais, esse número é de apenas 27%. A presença de computadores para uso dos estudantes também é baixa: apenas 51% das instituições municipais contam com esses recursos.
Formação de professores em queda
Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é a queda na formação de professores em tecnologias digitais. Em 2021, 65% dos docentes haviam participado de cursos na área. Em 2024, esse número caiu para 54%, com queda acentuada entre professores da rede municipal (de 62% para 43%).
Segundo Daniela Costa, a formação é essencial para que os professores possam orientar os alunos sobre o uso seguro e criativo da tecnologia. “A capacitação ajuda a preparar os docentes para um cenário em constante transformação, especialmente com a chegada de novas ferramentas como a IA”, disse.
