
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), afirmou nesta segunda-feira (14) que o Brasil precisa agir com rapidez e responsabilidade para evitar que a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros cause prejuízos maiores à economia.

A tarifa está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto e já provocou cancelamentos de exportações em setores como mel e pescados. “Nada do que está ruim não possa ficar pior. O Brasil precisa agir com diplomacia e responsabilidade antes que o prejuízo se torne irreversível”, disse o senador.
Trad defendeu que o governo adote uma postura de diálogo, em vez de confronto, com os EUA. “Não podemos partir para o ringue. Precisamos abrir a porta da diplomacia”, afirmou.
A nova tarifa já gerou impactos. Segundo o senador, cerca de 585 toneladas de mel deixaram de ser exportadas para os EUA, o que afeta diretamente 12 mil pequenos produtores do Nordeste. “O custo da carga subiu US$ 6 milhões com a nova tarifa.”
No setor de pescados, todas as exportações para os Estados Unidos foram suspensas. Trad afirma que isso ameaça o sustento de mais de 20 mil pescadores artesanais e de 4.500 empregos industriais. “Estamos falando de milhares de famílias que vivem do trabalho no campo e na indústria. É o bolso do brasileiro que está em jogo.”
Audiência emergencial no Senado - Trad convocou uma audiência emergencial da Comissão de Relações Exteriores para esta terça-feira (15), às 9h, no horário de Mato Grosso do Sul. Foram convidados representantes do Itamaraty; dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Agricultura e Pecuária (Mapa); da Confederação Nacional da Indústria (CNI); da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems); e da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul).
“A reunião foi convocada para alinhar estratégias do Legislativo diante do tarifaço dos EUA, que ameaça setores vitais da nossa economia. Chamamos ministérios e o setor produtivo para proteger empregos, exportações e investimentos — especialmente em estados como o Mato Grosso do Sul, que dependem do agro e da indústria”, declarou Trad.
Relação comercial desigual - Durante a entrevista, o senador destacou que o Brasil representa apenas 1,1% do total das importações americanas, estimadas em US$ 3,6 trilhões por ano. “Eles compram 12% do PIB deles no resto do mundo. Isso equivale a importar uma França por ano”, afirmou. “Não temos o mesmo poder de barganha de China ou Índia. Por isso, precisamos agir com inteligência estratégica e não com impulsos.”
Trad também informou que está organizando uma missão oficial do Senado a Washington para buscar diálogo direto com o Congresso dos Estados Unidos. “A tarifa só entra em vigor em 1º de agosto. O Brasil precisa agir com maturidade e firmeza nesse tempo que Trump deixou aberto. Nossa parte, na presidência da CRE, faremos”, concluiu.
