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ROTA BIOCEÂNICA

Campo Grande e a Rota Bioceânica: como uma ponte e 3.250 km de asfalto tentam unir dois oceanos

Em fevereiro, capital sul-mato-grossense será palco de debates sobre integração regional e promessas econômicas de um corredor internacional

27 janeiro 2025 - 09h46Da redação
Evento na Capital vai reunir autoridades de quatro países para debater oportunidades da Rota Bioceânica
Evento na Capital vai reunir autoridades de quatro países para debater oportunidades da Rota Bioceânica - (Foto: Álvaro Rezende)

Entre os dias 18 e 20 de fevereiro, Campo Grande abrigará um evento que pretende transformar mapas e discursos em ação: o Seminário Internacional da Rota Bioceânica e o 6º Foro de los Gobiernos Subnacionales del Corredor Bioceánico. A reunião, promovida pelo Governo de Mato Grosso do Sul com apoio da Fiems e do Sebrae/MS, ocorrerá no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, um lugar que, até agora, era mais conhecido pelos seus cafés fortes e ar-condicionado gelado do que pelas articulações internacionais.

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A estrada até o pacífico - A estrela do seminário é o Corredor Bioceânico de Capricórnio, um trajeto rodoviário de 3.250 km que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico. A rota atravessa Mato Grosso do Sul, Argentina, Paraguai e Chile, terminando em portos chilenos como Antofagasta e Iquique. Na prática, é uma tentativa de transformar as exportações brasileiras em algo mais direto – sem depender exclusivamente dos portos do Sudeste.

Mas a promessa do corredor não é só sobre caminhões. Jaime Verruck, secretário da Semadesc, explica que o objetivo é promover desenvolvimento econômico e competitividade para as regiões envolvidas. “Cada país tem um papel fundamental para consolidar a rota. Vamos discutir como isso pode beneficiar as economias locais nos próximos dois anos”, diz Verruck.

Enquanto isso, a Ponte Bioceânica, que conectará Porto Murtinho (Brasil) a Carmelo Peralta (Paraguai), já está 65% concluída. Os organizadores do seminário devem repetir o percentual durante o evento como um mantra, já que a ponte é o símbolo mais visível da integração prometida.

Diplomacia de auditório - O seminário também será uma oportunidade para testar a capacidade da região de lidar com os desafios de um projeto multinacional. Entre painéis e reuniões técnicas, representantes do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile tentarão fechar acordos e ajustar ponteiros sobre infraestrutura, alfândega e tecnologia.

A abertura oficial, no dia 18, contará com a assinatura de um Termo de Cooperação entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai. Nos dias seguintes, haverá debates sobre inovação, impacto social e a apresentação do Plan Maestro, documento que ambiciona transformar a rota em algo mais do que um traçado em mapas.

No encerramento, previsto para o dia 20, será divulgada a “Carta de Campo Grande”, um título que já soa mais grandioso do que os orçamentos disponíveis. O documento promete consolidar os principais avanços do evento e reafirmar o compromisso dos países com o projeto.

A realidade por trás da integração - Para além do entusiasmo oficial, a Rota Bioceânica é um lembrete de como o Brasil ainda luta para se conectar ao resto do continente. A integração regional, apesar de seu potencial econômico, costuma tropeçar em burocracias, disputas políticas e prioridades divergentes entre os países.

O seminário, no entanto, sugere que a ambição ainda existe. E, se tudo der certo, o Corredor Bioceânico poderá se tornar mais do que um projeto estratégico: será um atalho entre dois oceanos e uma nova rota para quem, há décadas, dirige em círculos pelas velhas estradas do Mercosul.

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