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ROTA BIOCEÂNICA

"Agora somos o centro do caminho": empresários e governo apostam na Rota Bioceânica

Obras avançam e empresários se preparam para exportações e turismo com novo corredor ligando Brasil ao Pacífico

17 fevereiro 2025 - 10h55Da redação
Ponte binacional em Porto Murtinho
Ponte binacional em Porto Murtinho - (Foto: Saul Schramm)

Por muito tempo, Porto Murtinho e outras cidades do interior de Mato Grosso do Sul foram vistas como um “fim de linha”. A BR-267 terminava no rio Paraguai, e dali em diante, o caminho se tornava limitado. Mas agora, com a Rota Bioceânica saindo do papel, o cenário mudou. O que antes era um ponto final passou a ser o centro de um novo corredor de comércio e turismo, ligando o Brasil diretamente ao Oceano Pacífico, passando pelo Paraguai, Argentina e Chile.

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O projeto inclui a construção da ponte binacional entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta (Paraguai), uma estrutura de 1.294 metros de comprimento, financiada por US$ 85 milhões da Itaipu Binacional. Mais de 400 trabalhadores estão mobilizados, e 65% da obra já foi concluída. A previsão é de que a ponte fique pronta no primeiro semestre de 2026.

A expectativa em torno da rota é grande, principalmente entre os empresários sul-mato-grossenses. Muitos já começaram a investir na expansão de seus negócios para aproveitar o aumento no fluxo de mercadorias e turistas. “Antes, nossa cidade era vista como o fim do caminho. Agora, somos o centro dele”, afirma Zadrick Mendonça, empresário de Jardim e fundador da startup Óleoponto, que trabalha com reciclagem de óleo de cozinha.

Zadrick Mendonça, dono da startup ÓleopontoZadrick Mendonça, dono da startup Óleoponto

Do agro ao turismo: empresários se antecipam à nova realidade - Com a aproximação da inauguração da rota, empresários de diferentes setores já estão se movimentando. Israel Pereira Vieira, de Sidrolândia, era apenas produtor rural até decidir apostar em turismo ecológico. Agora, oferece trilhas e caminhadas em meio à mata, levando visitantes até cachoeiras na sua fazenda. “Tenho esperança de que, quando a obra estiver pronta, o movimento cresça. Quero até montar um restaurante na rodovia. Quem sabe até uma borracharia”, conta.

Outro que já sentiu o impacto da futura rota é Alberto Galassi Duarte, empresário de Jardim. Dono da Galassi Nutrição Animal, ele percebeu que sua empresa pode ganhar mercado no Paraguai com o novo corredor. “Agora nossa cidade está no centro desse trajeto, e isso abre um leque de oportunidades. Já estamos nos preparando para exportar”, afirma.

Em Porto Murtinho, Bruna Coelho também decidiu empreender. Dona de uma marca de roupas, ela já conseguiu levar seus produtos até o Chile e vê a rota como uma chance de expandir ainda mais. “Comecei vendendo roupas de porta em porta. Agora já estou participando de eventos no Chile. A ponte vai tornar esse caminho ainda mais fácil”, explica.

Bruna Coelho em sua loja em Porto MurtinhoBruna Coelho em sua loja em Porto Murtinho

Obras e investimentos públicos preparam o Estado para a nova rota - Se os empresários estão de olho nas oportunidades, o governo estadual também está trabalhando para garantir a infraestrutura necessária. Além da construção da ponte, o governo federal investiu R$ 472 milhões na pavimentação da BR-267 e na construção de um centro aduaneiro em Porto Murtinho.

O gerente de produção da ponte binacional, Douglas Oliveira Pereira, reforça a importância da obra. “Essa estrutura vai unir o Brasil ao Paraguai, Argentina e Chile. Ela representa integração, desenvolvimento e prosperidade”, diz.

Além do transporte de mercadorias e turismo, a Rota Bioceânica também pode reduzir os custos de exportação para o Brasil. Com a nova ligação direta ao Pacífico, produtos brasileiros chegarão mais rapidamente aos mercados da Ásia, sem precisar passar pelo Canal do Panamá ou por portos do Sudeste.

Annice Diaz, que abriu uma agência de turismo para levar visitantes de outros países ao Mato Grosso do Sul, está otimista. “Hoje, levamos turistas paraguaios para Bonito e outros destinos do Estado. A ponte vai facilitar ainda mais essa movimentação”, explica.

Annice Diaz abriu sua agência de turismoAnnice Diaz abriu sua agência de turismo

Enquanto a ponte se aproxima da fase final, Porto Murtinho e as cidades do trajeto vivem um momento de transição. A antiga sensação de isolamento está sendo substituída por uma nova perspectiva de crescimento econômico. “A rota vai mudar tudo. A gente não vai mais ser o fim da linha. Agora, somos o centro do caminho”, resume Bruna Coelho.

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