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DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Representatividade feminina ganha destaque na magistratura de MS

A presença feminina nos ambientes de autoridade, sobretudo no judiciário, é fundamental para garantir uma sociedade justa, igualitária e democrática

8 março 2022 - 15h40Thaís Matos
Representatividade feminina ganha destaque no magistrado de MS
Representatividade feminina ganha destaque no magistrado de MS - (Foto: Reprodução/Internet)

Apesar dos avanços, as mulheres ainda batalham para conquistar espaços de poder. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a participação feminina no Poder Judiciário brasileiro ocupa 38,8% dos cargos. Em Mato Grosso do Sul, apenas 26% das vagas são ocupadas por mulheres.

A presença feminina nos ambientes de autoridade, sobretudo no judiciário, é fundamental para garantir uma sociedade justa, igualitária e democrática. É o que reforça a juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine, diretora da Amamsul e titular da Vara da Execução Penal da Multa Condenatória Criminal e Fiscal da Fazenda Pública Estadual.

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A juíza Joseliza Alessandra Vanzela Turine

“O olhar feminino traz em conjunto a razão e a sensibilidade. Ao julgar, os magistrados e magistradas utilizam o raciocínio lógico, mas a percepção é uma parte integrante do trabalho. Iniciei minha atividade como juíza atuando em uma Vara de Família da Capital e descobri que esse contato com a realidade dos cidadãos e cidadãs era muito gratificante.” diz a magistrada.

No Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, há apenas 3 desembargadoras. Entretanto, em Campo Grande, os espaços estão sendo abertos às juízas.

Na Capital, duas magistradas atuam como diretoras do foro, uma como Juíza Auxiliar do Tribunal; o Centro de Inovação criado no Tribunal conta com quatro magistradas; o Laboratório Judicial do Tribunal conta com três magistradas. E há grande presença feminina na Escola Judicial – EJUD-MS.

A rotina de trabalho envolve muitas horas de dedicação, em dias úteis, finais de semana e feriados, afirma a juíza. “Por muito tempo em minha carreira, enquanto no interior, estava sempre de plantão aos finais de semana. No caso das magistradas, a essa carga de trabalho profissional se soma a pessoal, com os cuidados com a casa e família. Nesse momento, é muito importante estar com alguém que entenda que dividir as tarefas não é um favor que o homem presta à mulher, mas uma atitude de respeito, valorização da condição feminina e estímulo para que a mulher possa ocupar seu lugar na sociedade”.

A magistrada ressalta que o grande desafio da carreira, é a busca para equalizar as exigências da vida pessoal e profissional. “As demandas da carreira invadem, com muita frequência, a vida familiar. Aliado a isso há a cobrança pela qualidade e quantidade de trabalho, a necessidade de formação complementar. Compreender, e nunca perder de vista, o papel que se propôs a realizar ao buscar ingressar na carreira de juíza de direito é essencial nesse momento”, destaca.

A luta pela igualdade de gênero avança lentamente. Mas é notório a crescente no número de mulheres que buscam a carreira jurídica. Há mais mulheres do que homens cursando direito, elas representam cerca de 53%. Atualmente, as principais instituições jurídicas do País são comandadas por mulheres

“As mulheres buscam muito a carreira jurídica, ao contrário de outras como as carreiras de TI, em que são minoria. O desafio não é somente estar na carreira, mas vencer o descompasso de estar em cargos de liderança nas carreiras jurídicas tanto nas carreiras públicas quanto nas privadas e, nestas últimas, vencer as diferenças salariais ainda existentes entre homens e mulheres”, diz a magistrada

Conceder às mulheres a oportunidade de buscar os espaços públicos e privados na carreira deve ser olhado além de uma pauta feminina, mas como uma pauta de direitos humanos. O Poder Judiciário também é responsável por promover ações e esforços para garantir a igualdade de gênero nesses cargos e incentivar a participação feminina.

O principal papel da comarca é o atribuído pela Constituição Federal, cabe aos magistrados e às magistradas observarem as regras de Direito, das quais, há igualdade entre homens e mulheres.

“A pauta de defesa dos direitos das mulheres, busca antes de tudo, o respeito à igualdade de direitos entre homens e mulheres, com ocupação dos espaços de forma igualitária, justa, em que não exista superioridade em razão de ser homem ou mulher. Além disso, em sua função administrativa, o Poder Judiciário deve estabelecer medidas para incentivar a participação de mulheres na tomada de decisões, e isso só pode ser obtido se ocuparem cargos, funções, ou se forem designadas para atividades administrativas”.

Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul
Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul

Importante destacar que o TJMS foi criado em 1979, mas apenas em 1990 a primeira mulher alcançou o cargo de desembargadora.

Romper paradigmas não é uma tarefa fácil. “Muitas lutas e renúncias ocorreram em minha vida até me tornar juíza para buscar realizar um sonho: ser uma pequena engrenagem que pode ajudar o mundo a ser melhor, com julgamentos humanizados e buscando, sempre, realizar a justiça. A cada dia esse desafio se renova e as dificuldades são diárias. Opto por olhar cada dificuldade como uma oportunidade de me tornar melhor como juíza e como ser humano, buscando, com otimismo e alegria, entender que os desafios nos fortalecem”, finaliza a juíza.

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