
A D-Edge sempre foi um templo da música eletrônica. Desde que foi fundada por Renato Ratier, a casa, que nasceu em Campo Grande e migrou para São Paulo, tornou-se referência internacional no cenário underground. O clube já recebeu DJs como Gui Boratto, Mark Farina e Steve Aoki, mantendo sua identidade progressista e inclusiva.

Mas na última segunda-feira (10 de março), o espaço foi palco de um evento incomum: um culto evangélico chamado "Frequência de Deus". O encontro reuniu 150 pessoas e trouxe falas que geraram controvérsia, especialmente as declarações da cantora e pastora Baby do Brasil, que defendeu o perdão incondicional, inclusive em casos de abuso sexual dentro da família. Outro momento de repercussão foi o testemunho do pastor Pedro, que afirmou ter deixado de ser “travesti, homossexual e garoto de programa” após se converter, levantando críticas da comunidade LGBTQIAPN+.
A repercussão foi imediata. A escolha da D-Edge para sediar o evento, somada às falas polêmicas, gerou discussões nas redes sociais sobre o alinhamento da casa com seus valores históricos.
Ratier esclarece: "A D-Edge continua sendo a D-Edge" - Diante do burburinho, Renato Ratier se pronunciou nesta quarta-feira (12 de março), reforçando que as declarações feitas no evento não representam seus valores nem os da D-Edge.
"Antes de mais nada, quero expressar meu profundo respeito a todas as pessoas que foram atingidas por declarações de terceiros durante o culto e reafirmar os valores que sempre guiaram minha trajetória. Jamais foi minha intenção ferir ou desrespeitar qualquer pessoa", afirmou o empresário.
Ratier também foi enfático ao deixar claro que não compactua com discursos que minimizem abusos ou promovam discriminação e que não acredita na chamada "cura gay", ideia que foi mencionada durante o evento.
"O evento do culto foi uma exceção isolada e não irá mais acontecer. A casa continua com suas atividades normais, oferecendo a cada noite um espaço de música eletrônica, como sempre fez", garantiu Ratier.



A D-Edge e a liberdade de expressão 0 A D-Edge sempre foi um espaço de vanguarda. O clube acompanhou e moldou tendências, acolheu diferentes manifestações culturais e ajudou a consolidar São Paulo como um dos grandes polos da música eletrônica mundial.
O episódio mostra como a relação entre espaço, discurso e público pode gerar interpretações distintas. O clube segue seu curso, reafirmando seu DNA e sua identidade, enquanto os debates nas redes sociais continuam. Mas uma coisa parece certa: a D-Edge continua sendo a D-Edge.
