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GUERRA

Reino Unido impõe novas sanções contra petróleo da Rússia para enfraquecer esforço de guerra

Medidas miram petroleiros, empresas ligadas ao transporte de petróleo e buscam limitar receitas do regime de Vladimir Putin

21 julho 2025 - 14h45
Reino Unido impõe 137 novas sanções ao petróleo russo para minar financiamento da guerra; foco é drenar caixa de Putin.
Reino Unido impõe 137 novas sanções ao petróleo russo para minar financiamento da guerra; foco é drenar caixa de Putin. - (Foto: Gavriil Grigorov/AP)

O governo do Reino Unido anunciou nesta segunda-feira, 21, 137 novas sanções econômicas direcionadas a setores estratégicos da energia e do petróleo da Rússia. A medida faz parte de mais um esforço para reduzir o financiamento da guerra na Ucrânia e aumentar a pressão sobre o presidente russo Vladimir Putin.

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De acordo com comunicado oficial do governo britânico, as novas sanções têm como foco principal bloquear o acesso de Moscou a receitas derivadas da exportação de petróleo, uma das principais fontes de recursos do Kremlin desde o início do conflito em 2022. "A cada ataque que lançamos contra a indústria petrolífera russa, damos mais um passo em direção a uma paz duradoura na Ucrânia e à segurança no Reino Unido e além", afirma o texto.

Petroleiros e empresas no alvo

Entre os principais alvos das sanções estão 135 navios petroleiros utilizados pela Rússia para movimentar petróleo de forma clandestina, fora dos parâmetros legais estabelecidos pelas potências ocidentais. Segundo o governo britânico, essas embarcações movimentaram cerca de US$ 24 bilhões em petróleo apenas em 2024.

Também foram atingidas duas empresas estratégicas que, segundo as autoridades britânicas, facilitam o escoamento ilegal de petróleo russo: a Intershipping Services LLC, responsável por registrar embarcações sob a bandeira do Gabão, e a Litasco Middle East DMCC, associada à gigante russa Lukoil, com operações no Oriente Médio. Essas duas companhias seriam responsáveis por viabilizar o transporte de até US$ 10 bilhões em petróleo por ano para o regime de Moscou.

Objetivo: drenar o "caixa de guerra" de Putin

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, afirmou que o novo pacote de sanções visa “drenar o caixa de guerra da Rússia”. Ele também acusou o presidente Vladimir Putin de adiar qualquer negociação séria de paz, o que, segundo ele, justifica o endurecimento das medidas econômicas.

"Enquanto Putin recusa propostas sérias de diálogo, o Reino Unido continuará utilizando todo o peso do regime de sanções para minar a capacidade econômica da Rússia e forçar um recuo estratégico", disse Lammy.

Sanções ampliam cerco ocidental

As novas medidas anunciadas por Londres ocorrem uma semana após o Reino Unido e a União Europeia anunciarem a redução do teto de preço do petróleo bruto russo. Essa política de restrição, adotada desde o início do conflito, visa forçar Moscou a vender seu petróleo a preços muito abaixo dos praticados no mercado internacional, diminuindo as receitas com exportações.

Ainda segundo o governo britânico, as sanções ocidentais já provocaram uma queda superior a 30% nas receitas da Rússia com petróleo e gás desde 2022. Além disso, os impactos econômicos do conflito teriam contribuído para o esvaziamento do fundo soberano russo, aumento da inflação e escalada dos gastos com defesa e segurança interna.

Tática da “frota sombra” é alvo direto

O novo pacote britânico representa uma ofensiva direta contra a chamada "frota sombra" da Rússia — um conjunto de navios petroleiros que operam com pouca transparência, sob bandeiras de conveniência, e fora dos sistemas tradicionais de rastreamento marítimo. Essa frota tem sido usada para burlar sanções internacionais e continuar exportando petróleo russo para países asiáticos e do Oriente Médio.

Segundo analistas de comércio marítimo, o uso dessas embarcações vem crescendo desde que os países do G7, junto com a UE, impuseram limites ao preço do barril russo. Com a nova medida, o Reino Unido espera desarticular essa rede paralela de escoamento, tornando mais difícil para Moscou sustentar sua máquina de guerra.

Repercussões e próximos passos

As sanções refletem a postura mais firme do novo governo britânico, que tem intensificado sua atuação diplomática e econômica contra a Rússia. Embora o impacto imediato seja difícil de mensurar, especialistas acreditam que medidas coordenadas com aliados europeus e norte-americanos tendem a aumentar a pressão sobre o orçamento de guerra russo, forçando o Kremlin a redirecionar recursos internos e cortar despesas não prioritárias.

No entanto, o êxito das sanções depende da adesão de países importadores, especialmente na Ásia, onde China e Índia continuam sendo grandes compradoras de petróleo russo. A eficácia plena das restrições passa também por um sistema internacional de fiscalização mais rígido e maior cooperação entre países.

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