
A maior parte do tratamento oncológico feito pelo SUS em Mato Grosso do Sul está concentrada em serviços especializados. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostram que 99% da produção em oncologia em 2025 ocorre em unidades habilitadas como UNACON (Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia), que formam a espinha dorsal da rede estadual para atendimento a pessoas com câncer.
A assistência oncológica é descrita como uma das áreas mais complexas e estratégicas do SUS, por envolver serviços altamente especializados e exigir organização em rede, com articulação permanente entre diferentes níveis de atenção. Em Mato Grosso do Sul, essa estrutura é organizada e coordenada pela SES de forma regionalizada e integrada.
Segundo a secretaria, o foco é garantir ampliação do acesso, continuidade do tratamento e integralidade da atenção às pessoas com câncer, alinhada às diretrizes da política nacional de saúde. Na prática, isso significa que os atendimentos não ficam isolados em um único ponto, mas distribuídos em unidades credenciadas e integradas entre si.
No estado, a rede é composta, majoritariamente, por hospitais habilitados como UNACON, responsáveis pelos principais procedimentos oncológicos realizados no SUS. Essas unidades concentram consultas, cirurgias, tratamentos e demais procedimentos de alta complexidade em oncologia.
Dados oficiais dos sistemas SIA/SIH-SUS, referentes à produção ambulatorial e hospitalar no ano de 2025, indicam que as UNACON respondem por 99% de toda a produção oncológica registrada em Mato Grosso do Sul. Os demais hospitais somam apenas 1% do total, atuando de forma mais restrita, principalmente na realização de algumas cirurgias oncológicas.
A concentração mostra que o atendimento ao paciente com câncer, no SUS, está praticamente todo organizado em torno dessas unidades especializadas, que funcionam como referência para diagnóstico e tratamento.
Entre as UNACON, o Hospital do Câncer de Campo Grande – Alfredo Abrão aparece como a unidade com maior volume de atendimentos. De acordo com os dados, foram 17.325 procedimentos oncológicos realizados, o que corresponde a 36% de toda a produção estadual.
Na sequência, o Hospital Cassems – Unidade Dourados é responsável por 20% dos atendimentos no estado. A Santa Casa de Campo Grande e o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul concentram, cada um, 16% da produção oncológica.
Com menor participação, mas também integrando a rede especializada, o Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, de Três Lagoas, responde por 7% dos atendimentos em oncologia. Já a Santa Casa de Corumbá representa 3% da produção estadual.
Os números mostram como o atendimento está distribuído entre diferentes regiões, com Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá atuando como polos de referência na rede oncológica do SUS em Mato Grosso do Sul.
As informações apresentadas pela SES são parciais e correspondem ao período até outubro de 2025. Os dados incluem procedimentos dos subgrupos de tratamento em oncologia e cirurgia em oncologia, com base nas APACs (Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade) aprovadas.
A APAC é o instrumento utilizado pelo Ministério da Saúde para registrar e monitorar a produção oncológica no SUS, permitindo acompanhar o volume de procedimentos realizados e a distribuição desses atendimentos na rede.
Com esse acompanhamento, a secretaria consegue mapear quais unidades concentram maior demanda, como está o ritmo de atendimentos e se há necessidade de ajustes na oferta de serviços ou na organização da rede.
Para a gerente de Atenção à Oncologia da SES, Michele Martins, os dados reforçam um modelo de cuidado baseado na articulação entre serviços e na organização em rede.
“Quando analisamos a produção oncológica no estado, fica evidente o papel estratégico das UNACON na garantia do acesso ao diagnóstico e ao tratamento, além da continuidade do cuidado ao longo de toda a linha de atenção. Esse trabalho articulado é fundamental para assegurar um atendimento mais resolutivo e humanizado à população”, destaca.
Na avaliação da área técnica, não se trata apenas do volume de procedimentos, mas da forma como as unidades se conectam para garantir que o paciente consiga percorrer todas as etapas do cuidado, do diagnóstico ao tratamento, dentro da estrutura pública de saúde.
Os números apresentados indicam que cada unidade tem um peso específico na rede, mas reforçam principalmente a importância do conjunto das UNACON para garantir acesso ao tratamento oncológico no estado.
De acordo com a SES, essa atuação articulada é apontada como fundamental para a garantia de acesso aos serviços, para a continuidade do cuidado e para a integralidade da atenção oncológica à população sul-mato-grossense.
A secretaria também ressalta que a divulgação dos dados integra uma estratégia de transparência das informações em saúde e está associada ao compromisso do Estado com o fortalecimento da rede oncológica e com o aprimoramento da assistência às pessoas com câncer atendidas pelo SUS em Mato Grosso do Sul.

