
Um sistema de reconhecimento facial desenvolvido por policiais penais está mudando a rotina de entrada e saída de internos nas unidades prisionais de Mato Grosso do Sul. A tecnologia, totalmente pública e integrada ao SIAPEN – plataforma que gerencia informações do sistema penitenciário estadual –, aumenta o controle sobre quem entra e quem sai dos presídios, com mais segurança, precisão e rapidez.
Segundo os responsáveis pelo projeto, o sistema utiliza padrões de captação e processamento de imagens compatíveis com os adotados pelo FBI (Federal Bureau of Investigation), referência mundial em biometria. A padronização, explicam, reduz o risco de falhas e falsos reconhecimentos de pessoas privadas de liberdade.
De acordo com o policial penal Wagner Faria França, um dos desenvolvedores, o uso de um padrão internacional garante alto nível de segurança na identificação dos internos, evitando erros em procedimentos sensíveis, como saídas para trabalho externo e retornos às unidades.
O sistema foi construído de forma a conversar diretamente com o SIAPEN. Como destaca Alexandre Oliveira de Albuquerque, que também atuou no desenvolvimento, a ideia foi aplicar tecnologia de maneira estratégica, para facilitar o trabalho diário dos policiais penais e tornar a operação mais eficiente.
Com o reconhecimento facial, a confirmação da identidade ocorre de forma automática e praticamente instantânea, com capacidade média de processamento de até 20 pessoas por minuto, sem interromper outras atividades da unidade. Todos os registros ficam auditáveis e rastreáveis, o que amplia a transparência e a segurança das informações armazenadas.
Além do controle de acesso, a ferramenta ajuda diretamente na conferência de alvarás de soltura e progressões de regime, garantindo que somente a pessoa autorizada deixe o estabelecimento penal.
Atualmente, o sistema de reconhecimento facial já está em funcionamento no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, em Campo Grande, onde mais de 600 reeducandos saem diariamente para o trabalho externo. A tecnologia também foi implantada no Estabelecimento Penal Feminino de Regime Semiaberto e Aberto da Capital.
No Estabelecimento Penal Masculino de Regime Semiaberto e Aberto de Dourados, a solução está em fase de implantação, com a mesma proposta: controlar a movimentação dos internos com mais agilidade e menos risco de erro humano.
Para o diretor do CPAIG, Ricardo Teixeira, o sistema veio atender uma necessidade antiga da unidade, que lida com grande fluxo diário de internos entrando e saindo para atividades externas. Ele ressalta que, diante desse volume, era preciso um mecanismo que desse mais velocidade e confiabilidade às liberações e aos retornos.
No caso da unidade feminina, a diretora Cleide Nascimento afirma que os resultados apareceram rapidamente. Segundo ela, a leitura facial rápida e precisa automatizou o controle das internas que saem para o trabalho e retornam para o pernoite judicial, otimizando a rotina e reforçando os procedimentos de segurança.
A previsão é de que o sistema seja implantado, de forma gradual, em outras unidades prisionais do Estado, de acordo com a demanda operacional de cada local.

