
O antigo terminal rodoviário de Campo Grande, localizado no bairro Amambaí, na região central da cidade, ainda acomoda comércios. A equipe do jornal A Crítica esteve no prédio nesta sexta-feira (08) para falar com os comerciantes que estão há anos no local sobre as propostas de revitalização.

De acordo com a Prefeitura de Campo Grande, o projeto de reforma do prédio Heitor Laburu contará com espaço de lanchonetes e órgãos da administração municipal e estadual. O investimento também será direcionado para o recapeamento das ruas ao redor. A antiga rodoviária foi desativada há mais de nove anos, atualmente, o novo terminal rodoviário está localizado na Av Gury Marques, saída para São Paulo.
O projeto da revitalização, de acordo com as informações da Prefeitura, é moderno e funcional, e irá atuar em cerca de 10 mil metros quadrados. Algumas particularidades do prédio serão mantidas, como a laje. O entorno do prédio terá paisagismo, com espaços de descanso e estacionamento. Serão construídas escadas, rampas e elevador voltados à acessibilidade. A ligação entre as partes públicas e a parte privada será feita por um jardim interno, iluminado por claraboias. As plataformas de embarque e desembarque entraram na reforma.
A intervenção vai ter início no primeiro semestre de 2022, e terá uma duração prevista de 18 meses. O orçamento é de R$17 milhões, podendo sofrer alterações. O valor já está reservado pela Caixa Econômica Federal.
A cabeleireira e proprietária de um salão de beleza, conhecida como 'Pretinha' está há mais de 30 anos no local e não pretende sair. Segundo ela, com a proposta de revitalização, o fluxo deve melhorar muito. “Aqui era nosso shopping de Campo Grande, é uma pena estar assim. Mas vai ficar maravilhoso, estamos felizes e esperando o resultado”, relata.
Proprietária do “Pretinha” Salão Unissex - Foto Nathalia Alcântara
A dona da cooperativa de vans, Ângela Ajala, 34, trabalha há 12 anos no local e fala sobre a redução de clientes. Ela também ressalta que nunca teve problemas em relação à segurança no seu estabelecimento. “Estamos nos estabilizando novamente, nosso público diminuiu bastante na pandemia, mas não por conta do prédio”, diz. “Todo mundo fala que aqui é perigoso, estamos 12 anos aqui e graças a Deus nunca tivemos problemas com dependentes químicos, quando algum chega, pedimos para eles se retirar”, conta.
Antigo Terminal Rodoviário - Foto Nathália Alcântara
O guarda municipal GCM Rocha, da Polícia Civil Metropolitana destaca que a todo momento há policiais fazendo ronda no local. “Atualmente a equipe permanente do local foi remanejada para o parque Ayrton Senna, e para fazer essa substituição, sempre tem um colega aqui, e as equipes sempre estão aqui até sabermos como vai ficar após a revitalização”, explica.
Ademais, o guarda comenta que a equipe recebe solicitações diárias de atendimentos. “Nós passamos por aqui, e os populares sempre tem algum requerimento, alguma solicitação, a respeito da questão de segurança da região. Usuários de drogas, dependentes químicos, moradores de rua, dependentes de álcool. Dificilmente tem um plantão que não tenha atendimento na região aqui”, acrescenta.
Equipe Policial na Antiga Rodoviária - Foto: Thaís Matos
A proprietária do Hotel Iguaçu, localizado em frente a rodoviária velha, relata que seu ponto comercial foi muito afetado com a degradação da região. “Nós fomos muito prejudicados pela a questão do olhar do campo-grandense, esse é o nosso maior problema, porque a cidade inteira tem uma má impressão”, conta. A empresária, que está há 50 anos na região, menciona que a hospedagem ficou mais difícil e que precisou mudar o foco de clientela. “Nós tivemos que focar mais nas empresas que hospedam seus funcionários. Fizemos alguns empréstimos bancários para conseguir passar por esse período da pandemia sem demitir nenhum funcionário”, relata.
Entrevista com a dona do Hotel Iguaçu, Nélia Menezes - Foto: Thaís Matos
Nélia comenta sobre as calçadas que a Prefeitura está realizando no local. Para ela, e para o seu comércio estão sendo prejudiciais. “Está sendo um "dissabor" imenso. Eles começam, passa, na outra semana vem e arrancam o material, porque dizem que foi feito errado, isso até por conta da falta de profissionalismo. Nesse quarteirão aqui é o único comércio que está funcionando. No Barão do Rio branco, nas redondezas não tem nenhum comércio funcionando, e já fizeram a calçada. Nós aqui que estamos funcionando, mantivemos os empregos, eles simplesmente, bom, está nessa situação que vocês estão vendo”, finaliza.
Obras da Prefeitura em frente ao Hotel Iguaçu - Foto Thaís Matos
Obras da Prefeitura em frente ao Hotel Iguaçu - Foto Thaís Matos
