
A Polícia Civil de São Paulo prendeu dois suspeitos e procura outros dois integrantes de uma quadrilha envolvida com o chamado crime dos “quebra-vidros” — gangues que atacam motoristas e passageiros para roubar celulares, especialmente nas regiões centrais da capital. A operação foi deflagrada nesta segunda-feira (13) e revelou que o grupo desviou ao menos R$ 915 mil apenas no primeiro semestre deste ano.

De acordo com as investigações, 24 pessoas foram vítimas do esquema entre janeiro e junho. A quadrilha agia principalmente em vias como a Avenida do Estado e o Viaduto Júlio de Mesquita Filho. Os criminosos acessavam os aparelhos roubados para fazer transferências bancárias e fraudes digitais, explorando dados sensíveis como senhas salvas em navegadores e aplicativos.
Apartamento usado como base de operações - Segundo o delegado Lucas Lopes, do 8º Distrito Policial (Brás), a quadrilha alugou um apartamento na região do Glicério, no centro de São Paulo, que servia como “quartel-general do crime”. No local, os suspeitos tinham acesso à internet e a ferramentas tecnológicas para desbloquear os celulares e realizar transações financeiras.
“Era um espaço exclusivo para analisar os aparelhos, acessar contas e efetuar transferências. Os criminosos buscavam qualquer brecha, como senhas salvas em bloco de notas, navegadores ou mensagens do WhatsApp”, afirmou o delegado.
A gangue não escolhia a origem dos aparelhos. Mesmo celulares roubados em bairros distantes eram levados ao QG — de bicicleta, moto ou até a pé. Os principais alvos eram dispositivos com GPS ativado e sem bloqueios de segurança, normalmente usados por motoristas com suporte nos painéis dos veículos.
Roubo a procurador ajudou a localizar o QG - O endereço do QG foi descoberto após o furto do celular do procurador de Justiça Antonio Calil Filho, ocorrido em julho deste ano. O caso ajudou a polícia a conectar os suspeitos à primeira fase da Operação Broken Window, que agora entra em sua segunda etapa.
Nesta nova fase, além dos quatro mandados de prisão, a Polícia Civil busca cumprir outros 27 de busca e apreensão em diferentes pontos da cidade, como Cambuci e Mooca, além de outros estados — incluindo o Ceará, onde um suspeito teria fornecido máquinas de cartão à quadrilha para facilitar os desvios de valores.
Equipamentos e valores bloqueados - Durante a ação, os policiais apreenderam dezenas de aparelhos celulares, máquinas de cartão, roteadores, chips e dinheiro em espécie. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 915.006,59 em ativos financeiros, inclusive em criptomoedas, de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo.
A operação segue em andamento, e a Polícia Civil continua buscando mais envolvidos no esquema.
