
Um projeto da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) está ajudando a preservar o patrimônio arqueológico da cultura marajoara por meio da tecnologia. Ao menos 47 peças do acervo do Museu do Marajó, no Pará, foram digitalizadas em alta resolução e reconstruídas em 3D pelo Biodesign Lab da universidade.
A iniciativa faz parte do projeto Amazonizar, que visa aproximar a universidade da região amazônica e promover ações de valorização cultural, ambiental e social. Os artefatos digitalizados, entre vasos, urnas e objetos cerimoniais da era pré-colombiana, agora podem ser visualizados em realidade aumentada ou reimpressos em 3D, o que garante sua preservação mesmo em caso de danos físicos.
“Essas digitalizações são arquivos matemáticos fiéis às peças originais. Isso permite remontá-las digitalmente, recriá-las em realidade aumentada ou virtual e até reproduzi-las em impressoras 3D”, explica o professor Jorge Lopes, coordenador do Biodesign Lab, com experiência em digitalizações do Museu Nacional desde antes do incêndio de 2018.
Aluno interage com vaso Marajoara em realidade aumentada 3D, no Biodesign Lab PUC-Rio na zona sul do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência BrasilO processo incluiu escaneamento com luz branca e técnicas de fotogrametria — que envolvem o cruzamento de imagens em vários ângulos para reconstruir modelos tridimensionais detalhados. Entre os desafios enfrentados, estava a limitação de movimentar peças grandes e delicadas, como urnas funerárias, o que exigiu criatividade da equipe técnica.
Segundo Gerson Ribeiro, especialista do laboratório, o maior cuidado foi captar fielmente textura, cor e volume dos objetos. “O escaneamento precisa de visão livre, como o olho humano. Se algo estiver bloqueando, o scanner também não capta”, explicou.
Além da preservação, o projeto também gerou impacto social em Cachoeira do Arari, cidade-sede do museu. Oficinas de tecnologia e empreendedorismo foram oferecidas a jovens e artesãs locais. “Queremos tanto trazer a Amazônia para o centro da universidade quanto levar a universidade à Amazônia”, afirma a vice-reitora de Extensão, Jackeline Farbiarz.
A cultura marajoara é considerada uma das mais avançadas entre as civilizações indígenas brasileiras da era pré-colonial, reconhecida pela complexidade e beleza de sua cerâmica ritualística. Agora, com a tecnologia a favor, ela ganha novas formas de ser conhecida e preservada.

