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23 de dezembro de 2025 - 11h36
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EDUCAÇÃO NO CAMPO

Projeto em escola rural incentiva jovens a permanecer no campo em MS

Estudantes do assentamento Itamarati têm acesso a tecnologias sociais, formação profissional e espaços de inovação em escola de Ponta Porã para gerar renda e frear o êxodo rural

23 dezembro 2025 - 09h35Iury de Oliveira
Alunos da Escola Estadual Nova Itamarati participam de atividade com tecnologias sociais no assentamento Itamarati, em Ponta Porã, com apoio do Governo de MS e da UFGD
Alunos da Escola Estadual Nova Itamarati participam de atividade com tecnologias sociais no assentamento Itamarati, em Ponta Porã, com apoio do Governo de MS e da UFGD - (Fotos: EE Nova Itamarati / UFGD)
Terça da Carne

Um projeto desenvolvido na Escola Estadual Nova Itamarati, em Ponta Porã, vem tentando mostrar aos jovens do assentamento Itamarati que é possível construir o futuro sem sair do campo. Com apoio do Governo de Mato Grosso do Sul e da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), a iniciativa aposta em tecnologias sociais, formação prática e ligação com a realidade local para fortalecer a permanência das novas gerações na área rural.

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Reconhecido como o maior assentamento demarcado da América Latina, o Itamarati enfrenta um movimento crescente de êxodo rural, principalmente entre os jovens que deixam a comunidade em busca de emprego e renda em outras regiões. O projeto procura atuar justamente nesse ponto: criar condições para que as famílias visualizem caminhos de desenvolvimento e autonomia sem sair do território.

Na prática, o trabalho na Escola Estadual Nova Itamarati oferece novas perspectivas de permanência no campo com o uso de tecnologias sociais de forma sustentável, produtiva e alinhada às vocações da comunidade. As ações são fruto de um projeto de extensão da UFGD em parceria com o Governo do Estado.

“A proposta da UFGD é levar tecnologias sociais para desenvolver novas formas de gerar renda, emprego, propostas de perspectiva de permanência dentro da comunidade. E as unidades escolares são espaços de discussão e especialização dessas tecnologias, além da profissionalização. A Secretaria de Educação viabiliza a discussão das soluções, tecnologias sociais no âmbito escolar com os estudantes do assentamento, que futuramente serão os agentes que vão tocar essas tecnologias, ampliar, trabalhar com empreendedorismo, inovação”, disse Douglas Henrique Alencar, educador ambiental da SED (Secretaria de Estado de Educação).

Essas tecnologias passam a fazer parte do dia a dia da escola e do currículo. Alunos e professores discutem, testam e aprimoram soluções aplicáveis ao próprio assentamento, aproximando teoria e prática. Entre as estruturas já instaladas ou em instalação estão gerador de biogás, tanques para criação de peixes, sistemas de compostagem para produção de adubo orgânico e outras iniciativas ligadas ao uso sustentável dos recursos.

Projeto em escola rural de Ponta Porã usa tecnologias sociais e R$ 1,4 milhão em investimentos para manter jovens no campo em MS.Projeto em escola rural de Ponta Porã usa tecnologias sociais e R$ 1,4 milhão em investimentos para manter jovens no campo em MS.

Segundo o diretor da escola, Jucélio Salmazo, a presença da universidade no cotidiano escolar também muda a forma como os estudantes enxergam o ensino superior. “A UFGD nos ajuda bastante com doação de mudas, aquaponia. A grande contribuição que os alunos têm em relação aos projetos, é que os alunos veem a universidade como algo bem acessível, próximo deles. Esse contato com os professores estimula eles a fazerem uma faculdade e ver que não é algo distante. A gente percebe, principalmente no terceiro ano do ensino médio, que é a sala que vai prestar vestibular, fazer o Enem, uma vontade maior em relação a buscar uma universidade pública”, disse.

O projeto integra as ações do CDR (Centro de Desenvolvimento Rural) da UFGD, que atua com pesquisa e extensão voltadas à agricultura familiar e ao desenvolvimento sustentável. A professora Juliana Carrijo, da UFGD, responde por projetos nas áreas de aquaponia, piscicultura, desenvolvimento de soluções sustentáveis e ferramentas pedagógicas para escolas do campo.

“O projeto CDR existe há oito anos, um macroprojeto da UFGD no assentamento. Nós temos 60 professores e alunos trabalhando juntos com várias temáticas dentro da agricultura familiar e bioeconomia. Uma das demandas é a questão dos jovens na área rural, da sucessão e de potencializar oportunidades de produção mais sustentáveis. Com isso, a gente começou a trabalhar nas escolas do campo”, explicou Juliana.

A Escola Estadual Nova Itamarati, considerada a maior unidade rural de Mato Grosso do Sul, foi escolhida como piloto para a implantação de espaços coletivos voltados à educação, ciência, tecnologia e inovação com foco na agricultura familiar. “A proposta do projeto é ter um espaço inovador com tecnologias sociais escolhidas, identificadas pelos próprios professores. As tecnologias sociais são ligadas pedagogicamente às disciplinas que ministradas”, disse a professora.

O convênio prevê investimento total de mais de R$ 1,4 milhão, com participação da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), que oferece suporte financeiro e técnico ao projeto.

Para Juliana, o espaço montado na escola funciona como referência para a comunidade. “O projeto é uma vitrine tecnológica, com o objetivo de ter esse espaço lúdico, interativo, replicável, e que se conecte com todas as disciplinas, em diferentes idades escolar, para utilizar como uma ferramenta auxiliar. Através da inovação social, das tecnologias sociais, é possível fortalecer a identidade do território, promover a sucessão rural”, afirmou.

A aposta é que, ao se verem inseridos em um ambiente de inovação ligado à realidade do assentamento, os estudantes tenham mais motivos para ficar no campo, com condições de gerar renda, desenvolver a agricultura familiar e construir projetos de vida dentro da própria comunidade.

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