
O Programa Teko Porã – Semeando Liberdade está promovendo mudanças concretas na vida de indígenas privados de liberdade no Estabelecimento Penal de Amambai (MS). A iniciativa integra ações de qualificação profissional, fortalecimento emocional e atendimento jurídico com foco na reinserção social dos participantes.
Desenvolvido em parceria pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), o Ministério dos Povos Indígenas e a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o programa combina educação, profissionalização e valorização da identidade indígena. As atividades também contribuem para a remição de pena e construção de perspectivas de futuro.
Na semana passada, foi realizada uma solenidade de certificação no presídio, onde oito internos indígenas receberam certificados pelos cursos de cabeleireiro/barbeiro e horta comunitária. Outros sete indígenas já haviam participado das capacitações, mas foram liberados antes da conclusão formal.
Atualmente, estão em andamento cursos nas áreas de marcenaria, informática e horticultura, ampliando o leque de oportunidades. Para 2026, estão programadas novas capacitações em temas como enfrentamento à violência doméstica e uso abusivo de álcool.
A cerimônia reuniu autoridades como o próreitor de Desenvolvimento Institucional do IFMS, Fernando Silveira Alves; o assessor especial do Ministério dos Povos Indígenas, Kaique Galicia; o presidente da Câmara Municipal de Amambai, Darci José da Silva; a promotora de Justiça Nara Mendes dos Santos Fernandes; e representantes do Conselho da Comunidade e do projeto Semeando Liberdade.
O diretor do Estabelecimento Penal de Amambai, Alexandre Ferreira de Souza, destacou o impacto social do programa. “Cada curso concluído representa uma nova perspectiva de futuro, construída com respeito à cultura indígena e à realidade de cada participante”, disse.
As turmas foram acompanhadas pelo facilitador indígena Arildo Alves Alcantara e pelo tradutor de Língua Guarani Kaiowá, Zenaldo Moreira Martins, garantindo respeito às especificidades culturais e linguísticas dos participantes. O suporte emocional foi oferecido por meio de rodas de conversa e práticas de reflexão sobre vínculos familiares e projetos de vida, conduzidas pelos psicólogos Verônica Cristina da Silva Lima (unidade penal) e Edilson dos Reis (IFMS).
Atendimentos jurídicos também estiveram disponíveis, com foco na situação processual dos reeducandos e na regularização de documentos civis — etapa fundamental para o exercício pleno da cidadania após o cumprimento da pena.
Os cursos têm carga horária de 40 horas, com conteúdos práticos voltados à empregabilidade. No curso de Horta Comunitária, ministrado pelo professor Samuel Carvalho de Aragão e supervisionado pelo agrônomo Lucas Gustavo Yock, foram abordados temas como preparo de canteiros, adubação, produção de mudas e manejo agroecológico.
Já o curso de cabeleireiro e barbeiro, conduzido pelo professor Marcos Rogério Andrade Ferreira, incluiu técnicas de corte, design de barba, higiene e biossegurança e atendimento profissional.
Essas qualificações oferecem aos participantes habilidades técnicas que podem ser utilizadas no mercado de trabalho após a saída da unidade penal, fortalecendo sua autonomia econômica e ampliando suas chances de reinserção social.

