
Em meio ao combate à violência doméstica, um dado chama a atenção em Campo Grande: 450 homens que agrediram suas companheiras passaram pelo Programa Recomeçar e, segundo a coordenação, nenhum voltou a cometer o crime.

O número foi apresentado nesta terça-feira (23) durante sessão da Câmara Municipal. A coordenadora do programa, Vicentina dos Santos Vasques Xavier, e a secretária executiva da Mulher, Angelica Fontanari, usaram a Tribuna para mostrar os resultados do projeto, criado por lei municipal em 2018 e implementado na prática em 2021.
Como funciona o Recomeçar - Voltado exclusivamente para homens que cometeram violência doméstica, o Recomeçar oferece encontros semanais com abordagem psicossocial. A participação é determinada pela Justiça e tem duração de 16 semanas consecutivas.
Durante os encontros, os participantes discutem temas como machismo, patriarcado, Lei Maria da Penha, relações de gênero e responsabilidade pessoal. O objetivo é quebrar padrões de comportamento que levam à violência.
“É um espaço de reflexão onde os homens analisam os atos que cometeram e repensam suas atitudes”, explicou Vicentina. Segundo ela, o acompanhamento mostra que, após o ciclo de encontros, não houve reincidência entre os participantes.
A ausência de novos casos entre os atendidos foi ressaltada como um dos grandes avanços do programa. “A mudança de comportamento é perceptível. Os próprios homens reconhecem que os encontros transformaram suas vidas”, destacou Vicentina.
Além disso, o projeto tem despertado interesse de outros municípios, como ressaltou o vereador Dr. Lívio, autor da lei que criou o programa. “O Recomeçar virou referência no enfrentamento à violência contra a mulher, num Estado onde ainda se registram muitas agressões”, comentou o parlamentar, que homenageou os profissionais envolvidos com moções de congratulação.
Angelica Fontanari, secretária executiva da Mulher, reforçou que o trabalho da Secretaria vai além do Recomeçar. Ela citou ações de proteção e prevenção, com foco na autoestima e na independência econômica das mulheres. “A política pública para mulheres não pode ser isolada. Ela precisa estar conectada a outras áreas, como educação, saúde, assistência e segurança”, afirmou.
Segundo ela, os bons resultados do Recomeçar mostram que investir na prevenção e na reeducação de agressores é essencial para quebrar o ciclo da violência.
