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ACORDO HISTÓRICO

Acordo no STF resolve disputa de terras entre fazendeiros e indígenas no Mato Grosso do Sul

STF aprova acordo histórico que garante R$ 146 milhões em indenizações a fazendeiros e resolve disputa fundiária em terras indígenas no Mato Grosso do Sul.

25 setembro 2024 - 21h41Da Redação
Reunião contou com a presença de representantes da União, Governo do Estado, produtores rurais e indígenas
Reunião contou com a presença de representantes da União, Governo do Estado, produtores rurais e indígenas - (Foto: Reprodução/Famasul)

Após décadas de conflito, um acordo histórico foi firmado nesta quarta-feira (25), no Supremo Tribunal Federal (STF), para resolver a disputa de terras na Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul. Representantes de fazendeiros, lideranças indígenas e órgãos do governo chegaram a um consenso, mediado pelo ministro Gilmar Mendes, que deve encerrar de forma pacífica um impasse que perdura há mais de 30 anos.

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O acordo prevê que os fazendeiros, que ocupam a área há décadas com respaldo legal, sejam indenizados em R$ 146 milhões. Esse valor inclui R$ 27,8 milhões destinados a compensar as benfeitorias feitas nas propriedades e outros R$ 101 milhões pela terra nua. Em contrapartida, os fazendeiros terão até 15 dias para desocupar o território, permitindo que os indígenas guarani-kaiowá retornem à área de forma pacífica, sem o uso de força.

O papel do diálogo - O ministro Gilmar Mendes destacou o acordo como um marco no processo de resolução pacífica de conflitos territoriais. A audiência, realizada com a presença de representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Advocacia-Geral da União, do Ministério dos Povos Indígenas e do governo do Mato Grosso do Sul, foi fruto de longas negociações que envolveram todas as partes interessadas. (Clique aqui e leia a íntegra da ata da audiência).

Marcelo Bertoni, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), destacou a importância do diálogo e da mediação para alcançar esse momento: "Este é um momento histórico no Brasil e esperamos que sirva de exemplo sobre a importância do diálogo para a resolução de conflitos. Há 30 anos, a Famasul e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), trabalham incansavelmente para este momento, respeitando a temporalidade dos casos", afirmou Bertoni.

Acordo representa grande passo para resolução do conflito por demarcação de terra em Antônio João
Acordo representa grande passo para resolução do conflito por demarcação de terra em Antônio João

Ele também fez questão de reconhecer o esforço de diversas autoridades e entidades envolvidas: "Agradeço imensamente a dedicação da senadora Tereza Cristina, do governador Eduardo Riedel e sua equipe, que não mediram esforços para que este dia chegasse. Também faço um agradecimento ao ministro Gilmar Mendes, e os juízes auxiliares, Diego Veras, Lucas Faber e Eduardo Granzolo, pela disposição em resolver essa questão e, em especial, aos produtores rurais."

Um exemplo para o país - O acordo é visto como um exemplo para outras disputas de terras em curso no Brasil. O consenso entre fazendeiros e indígenas mostra que é possível resolver impasses históricos por meio do diálogo e da mediação, evitando o uso da força e a escalada da violência. A decisão também encerra todos os processos judiciais envolvendo a disputa pela Terra Indígena Ñande Ru Marangatu.

Território a ser demarcado em Antônio João.
Território a ser demarcado em Antônio João.

Bertoni expressou esperança de que o acordo inspire outras resoluções pacíficas: "Que este seja o primeiro de muitos outros casos a serem resolvidos para que juntos possamos colocar um ponto final na injustiça causada aos indígenas e aos produtores rurais", afirmou o presidente da Famasul.

Um pacto pelo campo: STF resolve disputa entre fazendeiros e guarani-kaiowá
Um pacto pelo campo: STF resolve disputa entre fazendeiros e guarani-kaiowá

Cerimônia cultural - Além da desocupação, o acordo também prevê uma cerimônia religiosa e cultural em homenagem a Neri da Silva, jovem guarani-kaiowá que perdeu a vida em um confronto na região em 2015. A cerimônia ocorrerá no próximo sábado, 28 de setembro, e contará com a presença de 300 membros da comunidade indígena, acompanhada pela Funai e pela Força Nacional, em um gesto simbólico de reconciliação e respeito.

O impacto para os fazendeiros - O acordo foi bem recebido pelos fazendeiros, que, além de serem indenizados de forma justa, poderão desocupar as terras sem a necessidade de confrontos ou uso de força. Para muitos desses produtores rurais, a indenização representa o reconhecimento dos investimentos feitos ao longo dos anos e a possibilidade de seguir com suas atividades produtivas em outras áreas.

Agora, a expectativa é de que o processo de desocupação ocorra de maneira tranquila, com as partes comprometidas em manter a paz na região.

*Com informações do site do Sistema Famasul. Texto atualizado em 26/09/2024 ás 08h38 para correção de informações.

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