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EDUCAÇÃO

Brasil precisa dar prioridade política à alfabetização, diz especialista

CEO da Fundação Lemann avalia avanços, destaca desafios e defende que meta para 2030 é possível, mas ainda tímida

24 agosto 2025 - 11h15
Brasil precisa dar prioridade política à alfabetização
Brasil precisa dar prioridade política à alfabetização - (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
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Apesar dos avanços recentes, a alfabetização plena das crianças brasileiras segue como desafio central para o país. O alerta é do CEO da Fundação Lemann, Denis Mizne, que defende maior prioridade política ao tema e melhor uso dos recursos públicos para que o Brasil consiga alfabetizar pelo menos 80% dos estudantes do 2º ano do ensino fundamental até 2030 — meta estabelecida no Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA), do Ministério da Educação.

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Segundo Mizne, embora a alfabetização seja considerada um tema “velho”, o problema ainda está longe de ser superado. Em 2024, 59,2% das crianças foram consideradas alfabetizadas, pouco abaixo da meta de 60%. "Foi um bom resultado, mas ainda temos cerca de 40% dos alunos que precisam de atenção redobrada", diz.

Desigualdades não justificam baixo desempenho - Para Mizne, a renda das famílias ou o PIB dos municípios não justificam o fracasso na alfabetização. Ele cita como exemplo o caso de Sobral (CE), que saiu da 1.500ª posição no Ideb em 2005 para a liderança do ranking em 2015, graças a políticas focadas, apoio aos professores e avaliações frequentes.

“A maior referência em alfabetização no Brasil é Sobral, não São Paulo ou Rio de Janeiro. Cidades muito pobres têm mostrado que é possível alfabetizar com qualidade.”

Três eixos para avançar - O especialista aponta três caminhos principais para melhorar os índices:

  1. Dar prioridade política ao tema, com apoio federal, estadual e municipal.

  2. Usar bem os recursos disponíveis, especialmente na formação de professores e apoio a alunos com dificuldade.

  3. Focar nas crianças mais vulneráveis, garantindo equidade dentro das redes de ensino.

Alfabetização é base para o futuro - Segundo Mizne, a alfabetização na idade certa é condição essencial para o aprendizado futuro. “Sem aprender a ler, a criança não consegue acompanhar as aulas, fazer deveres ou se manter na escola. Isso compromete o desempenho escolar e o desenvolvimento do país.”

Ele ressalta que há uma mudança de postura no Brasil, com maior engajamento de governadores, prefeitos e instituições da sociedade civil. “Fizemos uma virada de página importante. Agora, é sustentar isso e garantir que nenhuma criança fique para trás.”

Avaliação mais eficiente - Mizne elogia a criação do Indicador Criança Alfabetizada (ICA), que substitui o antigo Saeb para o 2º ano do fundamental. Por ser censitário e anual, permite respostas mais rápidas e eficazes. “É uma boa ferramenta, abraçada por quase todos os municípios, que ajuda a identificar o que funciona e corrigir o que precisa melhorar.”

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