
Em meio a uma crescente crise política, o primeiro-ministro francês Sebastien Lecornu anunciou nesta terça-feira (14) que vai propor a suspensão da reforma que eleva a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos. A medida, uma das mais polêmicas do governo Macron, será colocada em pausa até depois das eleições presidenciais de 2027, segundo discurso feito por Lecornu na Assembleia Nacional da França.

A proposta surge como uma tentativa clara de conter o avanço de duas moções de desconfiança contra seu governo — apresentadas por partidos de extrema-esquerda (França Insubmissa) e de extrema-direita (Reunião Nacional). Embora nenhuma das legendas tenha cadeiras suficientes para derrubar o Executivo sozinhas, o apoio do Partido Socialista pode alterar esse cenário e resultar na queda do recém-nomeado primeiro-ministro.
“Vamos colocar em pausa o plano da aposentadoria. O momento exige responsabilidade e diálogo”, afirmou Lecornu diante dos parlamentares.
A mudança nas regras da aposentadoria é uma política emblemática do presidente Emmanuel Macron, e tem sido amplamente criticada por sindicatos, movimentos sociais e grande parte da população. A decisão de suspender temporariamente a medida sinaliza uma tentativa de preservação do governo minoritário, que vem enfrentando forte pressão política e popular desde sua formação.
Além do recuo estratégico na reforma, Lecornu também se reuniu com o gabinete ministerial para discutir o orçamento de 2026, que precisa ser aprovado ainda este ano, num contexto de instabilidade crescente.
A votação das moções de desconfiança pode ocorrer ainda esta semana, o que coloca o premiê sob risco iminente de ser removido do cargo. A expectativa é que a suspensão da reforma possa desmobilizar parte da oposição e dar ao governo mais tempo para recompor apoios no Parlamento.
Se derrubado, Lecornu será mais um a enfrentar as consequências da instabilidade que marca o segundo mandato de Macron. O presidente tem enfrentado dificuldades para governar sem maioria parlamentar desde as eleições legislativas de 2022, o que tem exigido constantes concessões e rearranjos políticos
