Thalles Tomazelli não gosta de governar só com papel e planilha. Prefeito de Itaquiraí, no sul de Mato Grosso do Sul, ele prefere andar pelas ruas, visitar assentamentos e conversar com moradores. “A receita que deu certo comigo é mão na massa. Sair do gabinete, ir para o bairro, para o campo, para a periferia. Quando você vê a realidade de perto, a solução aparece mais rápido”, afirmou.
Ele falou isso durante a entrevista ao vivo no estúdio do jornal A Crítica, montado dentro do 3º Congresso dos Municípios de Mato Grosso do Sul, que aconteceu entre os dias 20 e 23 de outubro, no Shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande. O evento reuniu prefeitos das 79 cidades do estado e foi organizado pela Assomasul — a associação que representa os municípios — com apoio do Sebrae-MS.
Tomazelli preside a Assomasul e também está no segundo mandato como prefeito. Na entrevista, ele disse que a atual edição do congresso teve como foco principal o desenvolvimento das pessoas — servidores, gestores e lideranças. “É bonito ter uma gestão planilhada, mas, antes de chegar ao número, você precisa de gente com propósito, com motivação”, defendeu.
A programação do evento incluiu debates sobre inteligência artificial, mobilidade urbana, economia e até a Rota Bioceânica — projeto que pretende ligar o Brasil ao Pacífico, encurtando o caminho para a Ásia. “Vai ser um ganho extraordinário para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul”, comentou.
Durante entrevista, Thalles Tomazelli destaca importância do contato direto com a população para resolver os problemas do municípioDurante a conversa, Tomazelli reforçou a importância da escuta e do diálogo direto com quem vive nas cidades. Disse que é nos municípios onde tudo acontece — desde o atendimento básico de saúde até as grandes decisões de infraestrutura. E que o papel do gestor é estar próximo, ouvindo e construindo soluções com base na realidade de cada local.
Ao comentar os desafios da saúde pública, o prefeito foi direto: “É a parte mais difícil da gestão. Porque quando chega uma demanda, tem alguém com dor. E muitas vezes essa pessoa não sabe nem o que tem. É físico e é psicológico.” Ele citou como exemplo o avanço no atendimento oftalmológico em Itaquiraí, onde o tempo de espera por cirurgias caiu de seis para dois meses.
Segundo ele, a boa gestão exige organização, parcerias com a câmara de vereadores e um cronograma bem executado. “Tem que saber ouvir crítica, receber reclamação e transformar isso em solução. Se não tivesse problema, nem precisava de prefeito”, disse, rindo.
Tomazelli também comentou o impacto do crescimento rápido de cidades que receberam grandes indústrias, como Inocência e Ribas do Rio Pardo. Segundo ele, o desenvolvimento econômico é positivo, mas exige atenção do poder público. “O crescimento traz desafios. Falta creche, faltam leitos, salas de aula. E é aí que a Assomasul entra para ajudar os prefeitos, com apoio técnico e político”, explicou.
No encerramento da entrevista, ele reforçou que gestão pública não pode ser feita de longe. “Se eu quero saber o problema de um bairro, eu vou até lá. Se o problema está no assentamento, eu vou escutar quem mora lá. Isso serve para qualquer prefeito. A realidade só se conhece com os pés no chão.”
