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16 de novembro de 2025 - 17h56
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CONFLITO INTERNACIONAL

Porta-aviões dos EUA entra no Caribe e eleva tensão com a Venezuela

Navio militar integra operação contra o narcotráfico, mas presença reacende temores de confronto na América Latina

16 novembro 2025 - 16h40Associated Press
USS Ford atravessou o Estreito de Gibraltar em outubro e seguiu em direção à América Latina.
USS Ford atravessou o Estreito de Gibraltar em outubro e seguiu em direção à América Latina. - (Foto: Alyssa Joy/U.S. Navy)

O USS Gerald R. Ford, o mais avançado porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos, atravessou neste domingo (16) a Passagem de Anegada, próximo às Ilhas Virgens Britânicas, e entrou no mar do Caribe como parte da "Operação Southern Spear", intensificando a presença militar norte-americana nas proximidades da Venezuela.

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A movimentação é vista como um aumento significativo na pressão sobre o governo de Nicolás Maduro, em meio a operações militares que já resultaram em 20 ataques contra embarcações no Caribe e no Pacífico Leste desde setembro. Essas ações, que deixaram pelo menos 80 mortos, são justificadas pelo governo dos EUA como uma ofensiva contra o narcotráfico, embora nenhuma evidência concreta tenha sido apresentada para sustentar a acusação de que os alvos seriam "narcoterroristas".

Com a chegada do Ford, a força-tarefa norte-americana passa a contar com cerca de 12 mil militares e quase uma dezena de navios, incluindo caças, destróieres e aeronaves de apoio. Segundo o contra-almirante Paul Lanzilotta, comandante da missão, o objetivo é “proteger a segurança e a prosperidade do Hemisfério Ocidental contra ameaças transnacionais”.

Aumento da tensão na região

A operação também conta com a participação de militares de Trinidad e Tobago, que iniciaram recentemente um segundo exercício conjunto com tropas americanas. O governo local tem apoiado publicamente a iniciativa. A ilha fica a apenas 11 quilômetros da costa venezuelana.

O almirante Alvin Holsey, comandante das operações militares dos EUA no Caribe e América Latina — que deixará o cargo no próximo mês —, afirmou que suas forças "estão prontas para enfrentar ameaças que tentam desestabilizar a região".

Em resposta, o governo venezuelano classificou os exercícios como um "ato de agressão" e anunciou uma ampliação da mobilização de tropas e civis, em um gesto de alerta diante da possibilidade de uma intervenção militar.

Apesar do silêncio oficial sobre a chegada do porta-aviões, Maduro enfrenta nos EUA acusações formais de narcoterrorismo e alega que Washington está "fabricando" um conflito para desestabilizar sua administração.

Trump fala em expandir ações

A presença do Ford reacendeu debates sobre o escopo da operação militar dos EUA. Em declaração recente, o ex-presidente Donald Trump afirmou que deseja “parar as drogas que entram por terra”, insinuando uma possível expansão das ações também em território continental.

No Congresso americano, parlamentares tanto democratas quanto republicanos têm cobrado explicações sobre a legalidade dos ataques e questionado a autoridade do presidente para realizar operações militares sem aval legislativo. Uma proposta para limitar esses poderes foi rejeitada pela maioria republicana.

Mudança no cenário geopolítico

Analistas em segurança apontam que, mesmo sem ações diretas sobre o território venezuelano, a simples presença do porta-aviões norte-americano já representa uma mudança no equilíbrio de forças na América Latina.

“Este é o núcleo do que significa ter poder militar dos EUA novamente na América Latina”, afirma Elizabeth Dickinson, do International Crisis Group. “E isso elevou tensões na Venezuela e em toda a região".

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