
Entre os meses de julho e agosto deste ano, a Terra passará por um fenômeno curioso: sua rotação ficará ligeiramente mais rápida em três ocasiões, o que fará com que os dias sejam um pouco mais curtos. A informação é do Observatório Nacional, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Um desses momentos acontece nesta terça-feira, 22 de julho, quando a Terra deve completar uma volta em torno de si mesma 1,38 milissegundo mais rápido que o habitual. A diferença, apesar de real, é imperceptível para os seres humanos e não afeta a rotina do dia a dia.
Dias mais rápidos não são novidade
Essa aceleração temporária já havia sido registrada em 9 de julho, quando o planeta girou 1,30 milissegundo mais rápido. A terceira e última ocorrência deste ano está prevista para 5 de agosto, com a maior aceleração entre as três datas: -1,51 milissegundo fora do tempo padrão.
Essas variações são comuns e ocorrem de forma cíclica, segundo os especialistas. Embora a tendência a longo prazo seja de desaceleração da rotação da Terra, episódios de aceleração pontual podem ocorrer por diversos motivos naturais.
“Desde que a Terra se formou, há cerca de 4,5 bilhões de anos, sua rotação tem desacelerado. No início, um dia durava entre 5 e 10 horas. Hoje, são quase 24. Mas há eventos que podem acelerar momentaneamente esse movimento”, explica o Observatório Nacional em nota publicada no site do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Acelerações recentes estão entre as maiores já registradas
Desde que os registros passaram a ser feitos com precisão, os episódios de aceleração observados nos últimos anos estão entre os mais intensos.
O recorde pertence a 5 de julho de 2024, quando a Terra girou 1,66 milissegundo mais rápido. Em segundo lugar aparece 30 de junho de 2022, com aceleração de 1,59 milissegundo. Para comparação, o maior registro anterior a 2020 era de -1,05 milissegundo.
As medições detalhadas começaram apenas em 2020, mas já indicam uma tendência recente de aceleração momentânea mais intensa.
Por que a Terra acelera ou desacelera?
A rotação da Terra é influenciada por diversos fatores naturais. De acordo com Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional, variações sazonais, eventos sísmicos como terremotos e tsunamis, mudanças no núcleo do planeta, além da oscilação dos polos geográficos e deslocamentos de grandes massas de ar e água podem alterar temporariamente o ritmo de rotação.
Essas alterações afetam o chamado “momento de inércia” do planeta, que interfere diretamente em sua velocidade de giro.
O cientista também destaca que as mudanças climáticas, quando observadas em larga escala, podem impactar esse comportamento. Isso ocorre, por exemplo, por meio da maré atmosférica, um deslocamento periódico de massas de ar semelhante ao das marés oceânicas.
Variações já foram bem mais significativas no passado
Mudanças drásticas na temperatura da Terra ao longo das eras também influenciaram a duração dos dias. Um exemplo citado pelo Observatório é a transição da era glacial para o período atual, que provocou encurtamentos e alongamentos no tempo de rotação.
Estudos mostram que, há cerca de 600 milhões de anos, um dia na Terra durava em média 21 horas. Hoje, o planeta leva 86.400 segundos para completar uma rotação com variações de poucos milissegundos ao longo do tempo.
Apesar da complexidade por trás do fenômeno, os cientistas garantem que essas alterações não têm qualquer impacto perceptível na vida humana, tampouco influenciam nos relógios ou na contagem oficial do tempo.
