
A Polícia Civil de São Paulo identificou dois postos de combustíveis suspeitos de fornecer etanol adulterado com metanol para um esquema de falsificação de bebidas alcoólicas na região metropolitana. A descoberta foi feita nesta sexta-feira (17) durante uma nova fase da operação que investiga uma série de intoxicações e mortes causadas por bebidas clandestinas.

Os estabelecimentos ficam em Santo André e São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Segundo as investigações, o combustível era usado como matéria-prima para a produção ilegal de bebidas que circularam em bares da capital e causaram pelo menos seis mortes no Estado.
A operação é um desdobramento da ação deflagrada na semana passada, quando uma fábrica clandestina de bebidas foi desmantelada em São Bernardo do Campo. Na ocasião, a empresária Vanessa Maria da Silva foi presa em flagrante e apontada como responsável pelo local.
De acordo com a Polícia Civil, o esquema tinha ramificações familiares. O marido, o pai e o cunhado de Vanessa também participavam da produção e distribuição das bebidas adulteradas. “A principal hipótese é que a bebida adulterada saiu da fábrica da Vanessa”, afirmou o delegado-geral Artur Dian, reforçando que o grupo já era monitorado por suspeita de falsificação em larga escala.
Durante as buscas realizadas nesta sexta, os policiais apreenderam o celular de um homem apontado como fornecedor dos vasilhames usados na falsificação e identificaram o responsável por fornecer a bebida consumida por uma das vítimas. A ação foi coordenada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP).
As autoridades acreditam que todas as mortes por intoxicação registradas na capital paulista estejam relacionadas ao mesmo grupo. Dois homens, de 54 e 46 anos, morreram após consumir bebidas adulteradas em um bar na Mooca, zona leste de São Paulo. O laudo apontou presença de metanol, substância altamente tóxica usada indevidamente no processo de fabricação.
O metanol é um álcool industrial utilizado em solventes e combustíveis, e seu consumo pode causar cegueira, insuficiência renal e até a morte. O uso desse composto na adulteração de bebidas é ilegal e representa grave risco à saúde pública.
De acordo com boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de casos confirmados de intoxicação por metanol no Brasil subiu de 32, na segunda-feira (13), para 41 na quarta (15). As mortes também aumentaram: de cinco para oito, com duas novas registradas em Pernambuco e uma em São Paulo.
Com isso, o Estado paulista contabiliza seis óbitos confirmados em decorrência da ingestão de bebidas contaminadas. A pasta federal reforçou o alerta para que a população evite produtos de procedência duvidosa e denunciou a circulação de bebidas sem selo fiscal ou com rótulos falsificados.
A Polícia Civil continua as investigações para identificar todos os envolvidos no fornecimento e distribuição das bebidas adulteradas. Novas operações devem ocorrer nos próximos dias em outros municípios da Grande São Paulo.
