
Uma tragédia familiar abalou a cidade de Piraju, no interior de São Paulo, na tarde desta sextafeira (21). Uma discussão dentro de casa terminou com um policial militar matando a mulher e o sogro a facadas. O agressor, Leonardo Silva, de 25 anos, foi morto por colegas de farda ao tentar assassinar também a sogra, que se refugiou no banheiro para escapar dos ataques.
A vítima, Camilla Santos Silva, de 32 anos, era advogada, presidente da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB local e atuava em defesa de vítimas de violência doméstica. A morte dela, classificada como feminicídio, provocou grande comoção na cidade e na comunidade jurídica.
O crime aconteceu na residência da família, no bairro Nova América. Vizinhos acionaram a Polícia Militar ao ouvirem gritos vindos da casa. Segundo o boletim de ocorrência, quando os policiais chegaram ao local encontraram Leonardo desferindo golpes de faca contra Camilla. No chão, já ferido, estava o sogro, Paulo Sérgio Silva, de 62 anos.
Ignorando as ordens de rendição dadas por colegas, Leonardo correu em direção ao banheiro, onde a sogra havia se escondido. Para impedir a continuação dos ataques, os policiais atiraram contra o PM, que caiu ao lado da porta do cômodo.
A mulher, o pai dela e Leonardo chegaram a ser socorridos ao prontosocorro do Hospital de Piraju, mas nenhum resistiu aos ferimentos. Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Avaré.
De acordo com a Polícia Civil, Leonardo já havia ameaçado a esposa na noite anterior ao crime. Por esse motivo, sua arma funcional foi recolhida pela corporação. Ainda assim, o policial utilizou uma faca para cometer os ataques na tarde seguinte.
A Secretaria da Segurança Pública (SSPSP) foi procurada pela reportagem e ainda não se manifestou sobre o caso.
Camilla estava inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil desde janeiro de 2018 e atuava ativamente em ações de apoio e acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica. A OAB de Piraju divulgou nota lamentando profundamente o crime:
"Lamentavelmente, Doutora Camilla somase às vítimas do feminicídio, crime que, apesar da firme reprovação social, institucional e penal, cresce de forma alarmante em nosso país. Aos familiares e amigos, estendemos nossos mais sinceros sentimentos e solidariedade."
A OAB São Paulo também se pronunciou, expressando pesar e indignação diante da morte da advogada.
O caso, agora investigado pela Polícia Civil, reforça mais uma vez o alerta sobre a escalada da violência contra mulheres no país e o desafio de proteger vítimas, mesmo quando o agressor pertence às forças de segurança.

