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TECNOLOGIA BRASILEIRA

Plantas que atrapalhavam viram combustível: Senai-MS cria tecnologia limpa e ganha patente

Pesquisadores de MS desenvolvem diesel verde usando plantas aquáticas que eram problema em hidrelétricas

24 junho 2025 - 17h28Da Redação
Macrófitas, que antes causavam problemas em hidrelétricas, agora são usadas como matéria-prima para combustível renovável.
Macrófitas, que antes causavam problemas em hidrelétricas, agora são usadas como matéria-prima para combustível renovável. - (Foto: Divulgação)

Um grupo de pesquisadores de Mato Grosso do Sul encontrou uma forma inteligente de transformar um problema ambiental em uma solução útil. Eles criaram um tipo de combustível ecológico, parecido com o diesel comum, usando plantas que crescem em excesso dentro da água, chamadas de macrófitas aquáticas.

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Essas plantas, como o aguapé, crescem rápido e atrapalham o funcionamento de usinas hidrelétricas, que produzem energia com a força da água. Em vez de apenas remover e jogar fora essas plantas, os pesquisadores do Instituto Senai de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), em Três Lagoas, decidiram usá-las para produzir combustível renovável, o chamado diesel verde.

Esse trabalho rendeu ao Senai-MS a primeira patente da história da instituição, ou seja, o direito de ser dono da tecnologia e proteger a invenção. A patente foi registrada no Brasil e nos Estados Unidos.

Confira o Podcast sobre o assunto:

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Como as plantas viram combustível? O projeto recebeu o nome de Macrofuel e funciona assim: as plantas aquáticas passam por um processo chamado pirólise rápida, que é uma espécie de “cozimento” feito em alta temperatura, mas sem oxigênio. Isso transforma as plantas em um tipo de óleo, que depois é tratado para virar um combustível parecido com o diesel.

Esse novo combustível é mais limpo porque não vem do petróleo. Ele pode ser usado em motores normais e ainda ajuda o meio ambiente, já que aproveita um material que antes só causava prejuízo.

O bio-óleo, obtido pela pirólise de plantas aquáticas, é o ponto de partida para o diesel verde criado pelo Senai-MS.O bio-óleo, obtido pela pirólise de plantas aquáticas, é o ponto de partida para o diesel verde criado pelo Senai-MS. - (Foto: Divulgação)

Por que isso é importante? As usinas de energia Jupiá e Ilha Solteira, que ficam na divisa entre Mato Grosso do Sul e São Paulo, enfrentavam problemas por causa do excesso dessas plantas nos lagos. Elas entupiam as turbinas e aumentavam os custos de manutenção.

Com essa solução, as plantas viram matéria-prima para fazer energia limpa. Além disso, o projeto ajuda a reduzir o uso de combustíveis fósseis (como gasolina e óleo diesel comuns), que poluem mais.

Tecnologia feita no Brasil - O projeto foi criado em 2019 e teve apoio da empresa CTG Brasil, uma das maiores produtoras privadas de energia do país, além da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). O investimento total foi de R$ 4,6 milhões.

O diretor do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, diz que a conquista da patente é motivo de orgulho. “É sinal de que estamos no caminho certo e criando coisas que ajudam o Brasil e o mundo”, afirmou.

Já o pesquisador responsável pelo projeto, Paulo Renato dos Santos, explica que o mais importante é mostrar que é possível criar tecnologias limpas, que não poluem, e ainda usar recursos da natureza de forma inteligente. “A gente pegou um problema e transformou em solução”, resumiu.

Macrófitas, que antes causavam problemas em hidrelétricas, agora são usadas como matéria-prima para combustível renovável.Macrófitas, que antes causavam problemas em hidrelétricas, agora são usadas como matéria-prima para combustível renovável. - (Foto: Divulgação)

O que é a pirólise rápida? Para quem não é da área, pirólise pode parecer um nome complicado, mas é simples: é um processo que usa calor alto para transformar materiais orgânicos em gás, óleo e carvão, sem usar fogo direto ou oxigênio.

No caso do projeto Macrofuel, esse processo transforma as plantas aquáticas em um tipo de óleo vegetal que depois vira combustível para veículos ou geradores de energia.

Tecnologia pode ir além - Com a patente garantida, o Senai-MS agora pode desenvolver mais estudos e levar essa tecnologia para outros setores. É possível, por exemplo, testar com outros tipos de resíduos, como bagaço de cana-de-açúcar, casca de arroz ou restos de madeira.

O projeto também pode interessar a empresas do setor de energia e transporte, que buscam alternativas mais ecológicas para seus combustíveis.

Um exemplo de inovação feita no Brasil - Esse projeto mostra como a ciência brasileira pode criar soluções inteligentes, práticas e sustentáveis. E mais: ele foi feito no interior do país, longe dos grandes centros, provando que boas ideias podem nascer em qualquer lugar.

Se você ficou curioso ou tem uma empresa que gostaria de usar essa tecnologia, o Senai-MS está aberto a parcerias. Contato para empresas: embrapii.isibiomassa@ms.senai.br

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