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INVESTIGAÇÃO

PF prende contador e influencer por lavagem de dinheiro do tráfico internacional de cocaína

Esquema movimentou R$ 313 milhões e usava apostas online, criptomoedas e empresas de fachada para lavar dinheiro; veleiro foi apreendido com 3 toneladas de droga

14 outubro 2025 - 14h25Fausto Macedo e Marcelo Godoy
Contador preso em SP é acusado de lavar R$ 313 milhões do tráfico internacional usando casas de apostas, criptomoedas e empresas fictícias
Contador preso em SP é acusado de lavar R$ 313 milhões do tráfico internacional usando casas de apostas, criptomoedas e empresas fictícias - Reprodução/Redes Sociais
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A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (14) a Operação Narco Bet, que prendeu o contador Rodrigo de Paula Morgado, apontado como doleiro de um esquema que lavava fortunas do tráfico internacional de cocaína, com ligação ao PCC. A ação também resultou na prisão do influencer Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como 'Buzeira' ou 'Hermano', um dos principais beneficiários do esquema, segundo as investigações.

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Morgado é investigado por utilizar empresas de fachada, casas de apostas e transações em criptomoedas para lavar aproximadamente R$ 313 milhões em recursos ilícitos obtidos com o envio de cocaína à Europa e África, por meio de veleiros particulares.

A operação é um desdobramento da Operação Narco Vela, que em abril prendeu 27 pessoas ligadas ao transporte de drogas. As investigações contaram com a cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (BKA), que prendeu um investigado no país europeu.

Veleiro com 3 toneladas de cocaína - O alerta sobre Morgado partiu da agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA), após a interceptação do veleiro Lobo IV em fevereiro de 2023, próximo ao continente africano, com mais de 3 toneladas de cocaína a bordo. A embarcação pertence ao próprio contador, segundo a PF.

Dados obtidos na nuvem do celular de Morgado revelam que ele foi o contador de duas empresas ligadas à compra do Lobo IV: Saito Construtora Ltda. e Caetano da Silva Construtora Eireli.

As investigações revelaram que o esquema se utilizava de casas de apostas digitais, como a empresa Brxnet, ligada a 'Buzeira' e que tem a esposa de Morgado como sócia. A PF descobriu ainda que a empresa Buzeira Digital recebeu R$ 19,7 milhões diretamente de Morgado — mesmo ele sendo prestador de serviços da empresa, o que chamou a atenção dos investigadores.

Além disso, foram identificadas transferências de criptomoedas entre os envolvidos. A influenciadora Ingrid Ohara teria recebido R$ 9,45 milhões de Morgado em um ano, além de realizar transações em criptoativos com contas ligadas ao contador. O influenciador ‘T10’, companheiro de Ingrid e sócio da empresa T10 Cursos e Treinamentos Ltda, também é investigado por atuar em conjunto com o grupo em transações fracionadas.

Empresas de fachada em coworking - A PF apurou que Morgado criou diversas empresas com sócios fictícios ou de difícil localização, todas registradas em um coworking em Santos, do qual ele é o único sócio. As firmas operavam com atividades semelhantes, indícios de fraude documental e vínculos diretos com movimentações financeiras atípicas.

A empresa Ápice Desenvolvimento e Liderança, por exemplo, é apontada como parte do esquema, com transações de até R$ 2 milhões com o contador, além de ligações com a compra do veleiro.

Outros nomes citados incluem Davidson Praça Lopes, Guilherme Brasil Barcellos (‘Gebê’) e Fernando Silva Abreu Costa, que movimentaram milhões de reais com Morgado em empresas como FLG Negócios Digitais Ltda. e FSA Negócios Digitais Ltda.

A PF aponta que Morgado também está envolvido em corrupção de policiais e servidores do Judiciário, além de praticar manipulação de provas, falsificação de documentos e intimidação de subordinados. As acusações vão desde tráfico internacional de drogas até uso de empresas para evadir divisas e ocultar patrimônio.

A Justiça Federal decretou o bloqueio de mais de R$ 630 milhões em bens e valores dos investigados, para descapitalizar a organização criminosa e garantir reparação de danos.

Em relatório, a PF afirma que a permanência dos envolvidos em liberdade representa risco à ordem pública e econômica: “A ordem pública encontra-se ameaçada diante de um esquema criminoso que movimentou mais de R$ 313 milhões em apenas cinco anos.”

A operação cumpriu 11 ordens de prisão e 19 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O inquérito segue em andamento para rastrear o destino dos recursos, identificar novos envolvidos e apurar conexões internacionais do grupo.

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