
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira (29) que a corporação optou por não participar da megaoperação realizada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, por discordar do planejamento tático da ação. A operação, conduzida pelas forças estaduais, deixou ao menos 119 mortos, segundo dados do governo fluminense — a Defensoria Pública fala em 132 vítimas.
De acordo com Rodrigues, a PF chegou a ser consultada previamente pela Polícia Militar do Rio, mas a ação ainda não tinha data confirmada. Após avaliar os detalhes operacionais, a Superintendência da PF no Estado concluiu que não se tratava de uma ação “razoável” para envolver a corporação.
“Não fomos comunicados de que seria deflagrada neste momento. Houve um contato anterior do pessoal da inteligência da PM com nossa unidade no Rio. A equipe analisou o planejamento e entendeu que não era uma operação adequada para a atuação da Polícia Federal”, afirmou Rodrigues, após reunião de emergência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio da Alvorada.
Atribuições distintas - O diretor explicou que a PF não realiza trabalho ostensivo em comunidades, concentrando-se em investigações, inteligência e repressão qualificada ao crime organizado. “A nossa equipe no Rio segue atuando em seu papel de polícia judiciária, com foco na inteligência e nas investigações”, reforçou.
Crítica à falta de comunicação institucional
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também presente à reunião, criticou a falta de diálogo institucional sobre uma operação de tamanha magnitude. Segundo ele, o governo federal deveria ter sido informado diretamente pelo governador Cláudio Castro (PL), caso houvesse necessidade de atuação conjunta.
“Uma operação deste porte não pode ser acordada no segundo ou terceiro escalão. Se houvesse necessidade de participação do governo federal, o presidente da República deveria ter sido avisado, ou o vice-presidente, ou o ministro da Justiça, ou o diretor-geral da PF”, afirmou o ministro.
Lewandowski confirmou que a PF foi informada de “alguns detalhes” da ação em nível local, mas destacou que o governo federal ainda não recebeu todos os dados oficiais sobre a operação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro.
Enquanto o governo estadual fala em 119 mortos, incluindo quatro policiais, a Defensoria Pública do Estado do Rio afirma que o número de vítimas chega a 132. A diferença está sendo apurada, e novas informações devem ser consolidadas nas próximas horas.
