BANNER FESTIVAL DA CARNE 1260X200PX-v1
OPERAÇÃO CAMBOTA

PF faz nova operação contra esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões

Operação Cambota é desdobramento da Sem Desconto e investiga obstrução de justiça e ocultação de bens em fraude bilionária no INSS

12 setembro 2025 - 09h30
Mandados de prisão e de busca são cumpridos em São Paulo e no DF
Mandados de prisão e de busca são cumpridos em São Paulo e no DF - (Foto: Divulgação)
ENERGISA

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (12) a Operação Cambota, nova fase das investigações sobre o esquema bilionário de descontos ilegais aplicados em aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS. A ação é um desdobramento da Operação Sem Desconto, iniciada em abril deste ano.

Canal WhatsApp

Segundo a PF, estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, todos autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo e no Distrito Federal.

A nova fase da operação mira crimes como obstrução de investigação sobre organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além de manobras realizadas por investigados para dificultar o avanço das apurações.

As investigações revelaram que associações e entidades vinham realizando descontos indevidos em benefícios previdenciários entre 2019 e 2024, sem autorização dos aposentados e pensionistas. O prejuízo estimado é de cerca de R$ 6,3 bilhões.

Na fase anterior da operação, deflagrada em abril, foram mobilizados cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da Controladoria-Geral da União (CGU) para o cumprimento de mais de 200 mandados judiciais em diversos estados. Houve ainda o bloqueio de R$ 1 bilhão em bens e a prisão temporária de seis pessoas. À época, pelo menos seis servidores públicos foram afastados de suas funções.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura a fraude bilionária aprovou nesta quinta-feira (11) cerca de 400 pedidos de informações e de quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático de investigados. Entre os alvos estão associações, empresas e pessoas físicas ligadas ao esquema.

Dentre os nomes citados, estão Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, Maurício Camisoti e o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. A CPMI já havia aprovado os pedidos de prisão preventiva desses três e de outros 18 investigados na semana anterior.

Além da quebra de sigilo, o colegiado também solicitou acesso a registros de entrada e saída de suspeitos em órgãos públicos e relatórios de indícios já levantados por INSS, PF e CGU.

Como resposta à fraude, o governo iniciou, em julho, o pagamento de ressarcimentos a cerca de 1,6 milhão de aposentados e pensionistas prejudicados. Até agosto, o valor devolvido já ultrapassava R$ 1,084 bilhão.

O reembolso é garantido por uma medida provisória assinada em julho, que liberou R$ 3,31 bilhões em crédito extraordinário, fora da meta fiscal. A Advocacia-Geral da União (AGU) obteve judicialmente o bloqueio de R$ 2,8 bilhões em ativos de pessoas físicas, empresas e associações envolvidas, cujos bens serão usados para ressarcir os prejudicados.

Os pagamentos começaram em 24 de julho e são feitos em parcela única, com correção monetária pelo IPCA. O dinheiro é depositado diretamente na mesma conta bancária em que os benefícios mensais do INSS são pagos.

A ordem de pagamento segue a fila de adesão ao acordo com o INSS. Quem aderiu primeiro, recebe primeiro. O prazo para contestar os valores vai até 14 de novembro de 2025, e a adesão continua aberta mesmo após essa data.

O esquema investigado comprometeu diretamente o sustento de milhões de brasileiros, especialmente idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade. A nova fase da operação busca responsabilizar os envolvidos e recuperar recursos públicos desviados.

As investigações devem se intensificar nas próximas semanas com base nas novas provas obtidas por meio dos mandados da Operação Cambota e das quebras de sigilo autorizadas pela CPMI.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop