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TURISMO

Pantanal entra no radar de redes hoteleiras internacionais com proposta sustentável

Mato Grosso do Sul busca transformar bioma em destino global de luxo com baixo impacto ambiental

29 julho 2025 - 08h17Redação
Bruno Wendling, presidente da Fundtur-MS
Bruno Wendling, presidente da Fundtur-MS - (Foto: Divulgação)

O Pantanal, uma das maiores planícies alagáveis do planeta e Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, começa a figurar no radar de redes hoteleiras internacionais. O interesse é impulsionado pelo crescimento do ecoturismo, mas as autoridades e empresários locais impõem uma regra central: novos empreendimentos precisam respeitar a sustentabilidade e a autenticidade da região.

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Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, afirma que o governo estadual aposta em um modelo de luxo sustentável, inspirado nos lodges africanos. “Queremos estruturas menores, integradas à natureza e com mínimo impacto ambiental. Não buscamos grandes resorts, mas experiências exclusivas que valorizem a biodiversidade e a cultura local”, afirmou.

Mercado em expansão - O turismo de Mato Grosso do Sul recebeu, em 2024, cerca de 1,5 milhão de visitantes, dos quais aproximadamente 25% eram estrangeiros. A atividade movimentou R$ 4,3 bilhões na economia local, segundo dados da Fundação de Turismo. O Pantanal concentra boa parte desses visitantes, atraídos pela observação de aves — já foram catalogadas 650 espécies — e pela fauna única, que inclui onças-pintadas, jacarés e araras-azuis.

Com o aumento da procura por experiências autênticas, o segmento de luxo se fortalece. Pousadas tradicionais têm migrado para o padrão premium e projetos de hotéis boutique estão prontos para sair do papel. Em Bonito, por exemplo, atrativos naturais de classe internacional já são acompanhados por hospedagens de alto nível, com serviços personalizados e foco em bem-estar.

Interesse estrangeiro - Grandes grupos hoteleiros estrangeiros — incluindo redes globais de luxo — acompanham a expansão do ecoturismo na região. Embora nomes não tenham sido revelados, fontes do setor confirmam que há conversas em andamento. A exigência do governo é que qualquer investimento respeite o conceito de sustentabilidade.

“Estamos abertos a negociações, mas a prioridade é manter o equilíbrio ambiental. O que diferencia o Pantanal não é apenas a natureza, mas também a hospitalidade de sua população. Queremos que isso continue sendo o principal atrativo”, disse Wendling.

Estratégia internacional - Para consolidar o destino no cenário global, Mato Grosso do Sul tem investido em feiras e ações de promoção turística. O estado participou recentemente de eventos internacionais em Londres e Madri, além de receber operadores estrangeiros para visitas técnicas. O objetivo é conquistar especialmente o público europeu, que já demonstra familiaridade com o bioma.

O turismo de luxo sustentável também se tornou prioridade em negociações com investidores estrangeiros. A proposta é criar lodges de alto padrão com no máximo 20 a 30 quartos, construções desmontáveis, uso de energia renovável e programas de conservação ambiental. A ideia é replicar modelos de sucesso em países como Quênia e Botsuana, onde hotéis de selva atraem viajantes dispostos a gastar mais por experiências exclusivas.

Sustentabilidade e legado - Especialistas afirmam que o Pantanal tem potencial para ser um dos principais destinos de turismo sustentável do mundo, desde que o crescimento seja controlado. O bioma, que cobre mais de 150 mil km² em território brasileiro, sofre pressão de queimadas, desmatamento e mudanças climáticas.

“Desenvolver o turismo de alto padrão pode ser uma ferramenta para preservar a região. Quanto maior a valorização econômica da natureza em pé, menor o incentivo para atividades que degradam o ambiente”, avalia o consultor ambiental Luiz Baccaro, que acompanha projetos de conservação na área.

Para Wendling, o desafio é equilibrar expansão e preservação. “Nosso maior diferencial é oferecer um destino seguro, autêntico e com liberdade para os visitantes serem quem são. Mais do que luxo ou biodiversidade, o Pantanal se destaca pela hospitalidade de seu povo. É isso que queremos preservar e mostrar ao mundo”, concluiu.

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