
O Pantanal sul-mato-grossense está tentando encontrar um jeito de crescer sem destruir o meio ambiente. E um estudo apresentado nesta quinta-feira (26), durante o evento Pantanal Tech, ajuda a entender melhor como isso pode ser feito. O levantamento foi feito pela Rondon Consultoria e mostra onde estão os principais problemas e oportunidades nas atividades econômicas do bioma.

Esse estudo faz parte do Pacto do Pantanal, um projeto que quer juntar forças entre o governo, as instituições e quem trabalha na região para que o Pantanal continue sendo um lugar preservado, mas também com boas chances de geração de renda para quem vive lá.
Marcelo Rondon, responsável pelo estudo, explicou que o Pantanal tem várias atividades econômicas, além da pecuária, como a criação de peixes, abelhas, cavalos, ovelhas e até jacarés. Todas essas produções existem no território e podem crescer, se forem bem cuidadas e organizadas. “A pecuária é a mais conhecida e tem muita força, mas existem outras cadeias que também são importantes. Saber onde elas estão e como funcionam é essencial para criar políticas e atrair investimentos”, explicou Rondon.
Pantanal tem várias realidades diferentes - Um dos pontos que o estudo deixa claro é que o Pantanal não é igual em toda parte. Segundo Renato Roscoe, diretor do Instituto Taquari Vivo (ITV), dentro do próprio bioma existem formas muito diferentes de criar gado, por exemplo. Tem áreas onde há menos de 1 boi por hectare e outras com 2 bois por hectare. Isso mostra que é preciso adaptar os projetos para cada local. “Não dá para usar a mesma solução para todo mundo. É preciso respeitar as diferenças de clima, solo e cultura de cada região”, disse Roscoe.
Esse cuidado está no centro do Pacto do Pantanal, que quer unir os nove municípios da região em uma mesma estratégia, mas respeitando as particularidades de cada um.
Proteger o ambiente e ajudar quem trabalha - A ideia do pacto é fazer o Pantanal crescer sem acabar com os rios, com os animais ou com as tradições locais. O Instituto Taquari Vivo, por exemplo, está trabalhando para proteger as nascentes e reduzir a sujeira que chega aos rios — como acontece no Rio Taquari, que já sofreu muito com assoreamento (quando os rios vão ficando rasos por causa da terra e areia que se acumulam).
Ana Trevelin, secretária-adjunta de Meio Ambiente do Estado, explicou que a grande vantagem do pacto é juntar os esforços de todo mundo. “Queremos trabalhar juntos, com respeito às comunidades locais e pensando na qualidade de vida das pessoas e na proteção do meio ambiente”, disse ela.
O que acontece no Pantanal afeta o Estado todo Para Rogério Beretta, da Semadesc, é importante lembrar que o Pantanal não está isolado. O que acontece lá tem impacto em outras regiões, inclusive na produção de carne em todo o estado. “O Pantanal é um berçário de bezerros. Se a pecuária lá for mal, isso afeta toda a cadeia produtiva de Mato Grosso do Sul”, afirmou Beretta.
Esse pensamento mostra como é importante olhar para o Pantanal com atenção e planejamento, pensando no futuro e no bem-estar de todos.
Estudo serve como base para novos projetos - O estudo da Rondon Consultoria traz informações valiosas que podem ser usadas por governos e empresas para planejar ações no Pantanal. Ele foi feito com dados de campo e de fontes oficiais, para dar um retrato fiel do que acontece na região.
“Esse trabalho é uma base para o Pacto do Pantanal. Com essas informações, dá para evitar erros, reduzir os impactos negativos e fazer o desenvolvimento acontecer de forma inteligente”, disse Rondon.
Agora, o desafio é transformar esses dados em ações reais, que melhorem a vida das pessoas sem acabar com a natureza.
