
Dados alarmantes divulgados ontem (8) pelo Observatório Europeu Copernicus, aponta o mês passado como o outubro mais quente já registrado em escala global, marcando este como o quinto mês consecutivo a estabelecer novos recordes de temperatura. Essas estatísticas impressionantes apontam para uma tendência que poderia fazer de 2023 o ano mais quente da história registrada.

A perspectiva dos cientistas sugere ainda que as temperaturas elevadas poderão se estender até 2024, com a influência contínua do El Niño - um fenômeno caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas oceânicas. Em Mato Grosso do Sul, os efeitos do aquecimento global já estão sendo sentidos.
Como já noticiado pelo portal A Crítica, moradores vivenciaram um calor extremo nas últimas tardes, especialmente notável em Campo Grande, onde as temperaturas médias ultrapassaram os 38° C, com sensações térmicas superando os 40° C. Esse aumento da temperatura não é um evento isolado, mas sim parte do fenômeno El Niño, que está sendo intensificado pelas mudanças climáticas, tornando eventos extremos como este cada vez mais comuns.
Esses novos dados gerais reforçam os alertas dos cientistas antes da reunião de cúpula do clima, a COP-28 de Dubai, que começa no dia 30. "O sentimento de necessidade urgente de adotar medidas climáticas ambiciosas nunca foi tão forte", afirmou Samantha Burgess, vice-diretora do serviço de mudança climática do observatório Copernicus.
No mês passado, com média de 15,38ºC na superfície do planeta, o resultado superou em 0,4ºC o recorde anterior de outubro de 2019, segundo o Copernicus. A anomalia é "excepcional" para as temperaturas mundiais. Outubro de 2023 foi "1,7°C mais quente do que a média para o mês de outubro no período 1850-1900, antes da percepção dos efeitos das emissões de gases do efeito de estufa provocados pela atividade humana", acrescenta o observatório.
Calor em MS está presente nos últimos dias - (Foto: Arquivo)
EL NIÑO - Outro relatório, divulgado ontem pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM), aponta que o fenômeno El Niño, relacionado ao aumento nas temperaturas notado neste ano nos oceanos, deve perdurar até abril de 2024. Com isso, é muito provável que os termômetros disparem ainda mais neste final de ano e no ano que vem. A OMM afirma que o El Niño se desenvolveu rapidamente durante julho e agosto deste ano e atingiu força "moderada" em setembro - mês em que os termômetros chegaram a marcar 38ºC em São Paulo.
O fenômeno só chegou a uma consistência, de acordo com os registros de temperatura da superfície do mar e outros indicadores, em outubro. Por isso, a expectativa da organização é de que ele ainda não tenha atingido o auge.
"Provavelmente, atingirá o pico, como um evento forte, até janeiro. Há uma probabilidade de 90% de que persista durante o próximo inverno no sul do Hemisfério Norte (verão no Brasil e demais países do Hemisfério Sul)", afirma a OMM.
O El Niño ocorre em média a cada sete anos e normalmente dura de nove a 12 meses. É um padrão climático natural associado ao aquecimento da superfície do oceano Pacífico tropical central e oriental. No entanto, este ano, "ocorre no contexto de um clima que está sendo alterado pelas atividades humanas", diz a OMM.
Uma prova dessa alteração no ciclo comum é que os impactos do fenômeno na temperatura global ocorrem normalmente no ano seguinte ao seu desenvolvimento - neste caso, deveriam acontecer somente em 2024 -, mas, desde junho, o ano de 2023 tem caminhado para ser o mais quente já registrado.
Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
