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GERAL

Dia dos pais tem origem nos EUA e chegou ao Brasil como ação publicitária

Com raízes no início do século XX, data foi criada nos Estados Unidos e incorporada ao calendário brasileiro em 1953 por iniciativa do jornal O Globo

10 agosto 2025 - 07h20Renata Okumura
No Brasil, o dia dos pais foi instituído em 1953 pelo publicitário Sylvio Bhering.
No Brasil, o dia dos pais foi instituído em 1953 pelo publicitário Sylvio Bhering. - (Foto: Andrii Lysenko/Adobe Stock)

A tradição de celebrar o Dia dos Pais começou nos Estados Unidos, no início do século XX, graças à iniciativa de Sonora Smart Dodd. Inspirada pelo exemplo de seu pai, William Jackson Smart, veterano de guerra que criou sozinho seis filhos, Sonora pediu à Associação Ministerial de Spokane, cidade onde vivia, que apoiasse uma homenagem especial aos pais.

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Segundo o crítico de arte e curador Oscar D’Ambrosio, essa prática vai muito além da iniciativa norte-americana. “A ideia de reverenciar o pai, porém, é ancestral. Trata-se de uma forma de cada um buscar retomar as próprias origens, encontrando nelas, muitas vezes, a própria razão de existir”, afirma.

A primeira comemoração ocorreu em Spokane, em junho de 1910, mês de aniversário do pai de Sonora. Porém, somente em 1966 o presidente Lyndon Johnson oficializou a celebração no terceiro domingo de junho. Seis anos depois, Richard Nixon decretou que o Dia dos Pais seria feriado nacional nos Estados Unidos.

Para D’Ambrosio, essa decisão carrega um significado cultural profundo. “Tornar o dia dos pais um feriado constitui uma maneira de celebrar as origens e de colocar a instituição da família em primeiro plano, fortalecendo o conceito de que cada um se constrói enquanto ser humano a partir da herança biológica, ética e moral que recebe de seus parentes mais próximos”, observa.

Chegada ao Brasil

No Brasil, a comemoração foi criada em 1953 por Sylvio Bhering, então diretor do jornal O Globo e da Rádio Globo. A ideia surgiu como parte de uma campanha publicitária para incentivar a compra de presentes. A data, inicialmente restrita ao Rio de Janeiro, logo se espalhou para todo o país.

“O dia dos pais, assim como o das mães e das crianças, está profundamente ligado ao mundo capitalista e dos negócios. Não se trata de demonizar isso, mas de entender a data como uma ação de marketing que pode também potencializar relações estremecidas e gerar aproximações não só pela entrega de presentes, mas principalmente pelos momentos de convívio que a data propicia”, explica D’Ambrosio.

Originalmente, a celebração acontecia em 16 de agosto, dia de São Joaquim, pai de Maria e avô de Jesus. Mais tarde, foi transferida para o segundo domingo de agosto, formato mantido até hoje.

Datas diferentes pelo mundo

Em outros países, a data é celebrada de formas distintas. Espanha, Portugal e Itália comemoram em 19 de março, dia de São José, marido de Maria. Para D’Ambrosio, essa escolha imprime um forte caráter religioso. “Vincular o dia dos pais aos personagens bíblicos, como Joaquim, pai de Maria, ou José, pai de Jesus, traz uma conotação cristã que afasta a celebração da data de outras crenças. Especificamente no caso de José existe ainda a complexa questão de ele não ser o pai biológico de Jesus, mas de ter aceito a gravidez de Maria, gerada pelo Espírito Santo, como um ato de fé no poder de Deus sobre a Humanidade”, comenta.

Já na Rússia, não existe uma data específica para homenagear os pais. No lugar disso, a figura paterna é celebrada no Dia do Defensor da Pátria, em 23 de fevereiro, criado em 1919 para homenagear membros do exército soviético.

“Embora a data seja diversa de acordo com questões culturais específicas, a celebração do patriarcado, de certa forma, é uma maneira de reverenciar a linhagem paterna da família como um universo de poder e de afeto, em que existe a transmissão de valores em que a sociedade acredita, como sacrifício, afeto e fortalecimento e continuidade da família”, conclui D’Ambrosio.

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