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FAIXA DE GAZA

Fome avança em Gaza e causa mortes em massa, alerta ONU

Organização denuncia mais de mil palestinos mortos enquanto buscavam comida e relata crise sem precedentes na região

23 julho 2025 - 07h19Redação, O Estado de S. Paulo
Palestinos tentam obter alimentos doados em uma cozinha comunitária em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza
Palestinos tentam obter alimentos doados em uma cozinha comunitária em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza - (Foto: Jehad Alshrafi/AP)

A crise humanitária em Gaza chegou a um ponto crítico, segundo alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (22). O secretário-geral António Guterres classificou a situação como um dos episódios mais graves da história recente. ''Basta olhar para o horror que está acontecendo na Faixa de Gaza, com um nível de morte e destruição sem precedentes na história recente. A desnutrição está aumentando vertiginosamente. A fome está batendo em todas as portas", declarou.

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Além do cenário de escassez, a ONU também acusou o exército de Israel de matar mais de mil palestinos desde maio, enquanto buscavam comida. A maioria das vítimas estava próxima das instalações da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), entidade apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, 1.054 pessoas foram mortas até 21 de julho, sendo 766 próximas da GHF e 288 nas imediações de comboios da ONU ou de ONGs. Os dados sugerem uma média superior a 18 mortes por dia entre palestinos que buscavam alimentos.

Em apenas 24 horas, 15 pessoas morreram de fome no território, entre elas, um bebê de apenas seis semanas. No total, 33 palestinos, incluindo 12 crianças, morreram de desnutrição desde a segunda-feira (21), segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Desde o início do conflito, em outubro de 2023, mais de 100 palestinos, 80 deles crianças, morreram de fome, apontam médicos da região. Profissionais de saúde, jornalistas e trabalhadores humanitários também enfrentam grave escassez de alimentos.

Hospitais sem estrutura para lidar com a fome

Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), afirmou que médicos têm desmaiado durante os plantões por causa da fome e exaustão. Já o diretor do Hospital Shifa, Mohamed Abu Salmiya, disse à BBC que 21 crianças morreram de desnutrição desde domingo (21). Ele estima que 900 mil crianças estejam com fome grave, sendo 70 mil em estado severo.

Salmiya alerta que os casos envolvem sintomas como anemia, desidratação e fraqueza extrema, agravados pela falta de comida, medicamentos e infraestrutura hospitalar já sobrecarregada por feridos de guerra. "Os médicos não conseguem fornecer muito mais ajuda em casos de fome em razão da escassez de comida e de medicamentos" afirma.

Jornalistas e profissionais em risco extremo

A agência France-Presse (AFP) também chamou atenção para a situação crítica de seus correspondentes freelancers em Gaza. Em carta divulgada na segunda-feira (21), a associação de jornalistas da agência relatou que os profissionais estão em "miséria absoluta", enfrentando fome, falta de água e sem condições básicas de higiene para continuar cobrindo o conflito.

Organizações como Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a Defesa Civil de Gaza relataram aumento expressivo nos casos de desnutrição desde o dia 27 de maio, quando teve início a distribuição emergencial de cestas básicas pela GHF, após mais de dois meses de bloqueio total imposto por Israel à entrada de ajuda humanitária.

Apesar da atuação da fundação, a ONU e diversos ativistas têm criticado a centralização da ajuda nas mãos da GHF, e apontam que a quantidade de suprimentos segue sendo drasticamente insuficiente para atender a população.

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